O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, usou as redes sociais na tarde desta quinta-feira (4) para ironizar os rumores sobre eventual demissão do cargo. “Jean Paul vai sair da Petrobras?”, questiona um usuário do aplicativo de mensagens. “Acho que após as 20h02. Vai pra casa jantar… E amanhã às 7h09 ele estará de volta na empresa, pois sempre tem a agenda cheia”, responde.
A reação de Prates ocorre sob o contexto de sua eventual saída da estatal. A crise sobre os dividendos ganhou novos contornos políticos, inclusive com especulações de nomes para o comando da companhia. O presidente da Petrobras solicitou uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar do futuro da empresa. Não há ainda data para o encontro.
No início de março, as ações fecharam em queda de 10,5%, o que significou perda de valor de mercado de R$ 55 bilhões em apenas um dia. O ruído no mercado ocorreu após o anúncio de que a Petrobras iria reter os dividendos extraordinários, avaliados em R$ 43,9 bilhões. Desde então, a crise na estatal tem escalado, inclusive com farpas entre Prates e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
O episódio da crise dos dividendos deixou Lula insatisfeito. Nos dias seguintes, o presidente ficou reflexivo sobre a atuação de Prates na chefia da Petrobras. De acordo com integrantes do governo, foram dois dias de negociação intensa em relação à posição do Conselho de Administração sobre distribuir ou não dos lucros da companhia. “Prates traiu Lula”, diz um auxiliar do petista. A reportagem acionou a assessoria de imprensa do chefe da estatal, mas não obteve retorno.
Integrantes do primeiro escalão do governo argumentam que Prates fez um gesto ao mercado. Em Doha, capital do Catar, o presidente da estatal confessou ao ministro de Minas e Energia que um de seus objetivos era ser uma pessoa da área do petróleo. A viagem ocorreu antes da COP28, em Dubai, e serviu para atrair investimentos do Oriente Médio. “O problema é que ele tem propósitos dissidentes dos do governo”, acrescenta uma fonte.
O episódio dos dividendos causou distanciamento entre Lula e Prates, segundo apurou a RECORD. Nos próximos dias, o presidente da Petrobras vai se reunir com o presidente da República, que avalia nos bastidores outros nomes para o comando da companhia.
A avaliação é de que o perfil deva ser técnico e profissional, não político. “O ideal seria uma pessoa dedicada à gestão, aos resultados da empresa, que falasse pouco para fora. Um perfil que se equilibre entre os interesses do Brasil, do governo Lula e da empresa”, diz um integrante do governo.
Fontes do Palácio do Planalto dizem que o presidente do BNDES, Aloízio Mercadante, não havia sido procurado por Lula até então para assumir o posto em eventual saída de Prates, mas seu nome é defendido por membros do governo.