O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe nesta terça-feira (26) o presidente da França, Emmanuel Macron, em Belém (PA). A agenda inclui uma reunião em um barco, às margens da Baía de Guajará, apresentação de projetos de desenvolvimento sustentável do cacau, reunião com indígenas e líderes comunitários e uma visita em parte da floresta amazônica.
Lula recebe Macron no período da tarde. É a primeira vez que o francês visita o solo amazônico, apesar das críticas à política ambiental sul-americana. Os temas que serão discutidos entre os líderes são mudança do clima e proteção das florestas, com ênfase na Amazônia.
Depois, visitarão a Ilha de Combú, onde vão conhecer projetos sustentáveis, líderes indígenas e comunitários locais. A intenção de Lula é apresentar a Macron a “complexa realidade” do local.
A reportagem apurou que o governo brasileiro prepara uma refeição amazônica para Macron. Segundo integrantes do Ministério das Relações Exteriores, o francês avisou que, entre suas restrições alimentares, está a de não comer peixe de água doce. A ideia ainda é levar os dois presidentes em uma parte inicial da floresta — a avaliação é de que o dia será carregado de simbolismo devido à preocupação de Lula com a proteção das matas espalhadas pelo país.
Belém foi incluída no roteiro pelo lado brasileiro por ser a cidade que vai sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), no ano que vem. Além do eixo ambiental, a visita de três dias do francês tem como foco as questões econômicas, energéticas e políticas.
É a primeira vez que Macron visita algum país latino-americano desde que assumiu o cargo, em 2017. A França é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil.
A segunda cidade que Macron vai visitar é Itaguaí, no Rio de Janeiro. Lula acompanha o francês na cerimônia de lançamento de um submarino de propulsão convencional. O procedimento de submersão é rápido e leva cerca de 30 minutos.
O gesto será feito pela primeira-dama, Rosângela da Silva, mais conhecida como Janja. Nessa parte, os líderes vão discutir o futuro do programa dos produtos aquáticos de defesa territorial.
Depois, Macron segue para São Paulo, enquanto Lula retorna a Brasília. Na capital paulista, o eixo é econômico, em que inclui almoço empresarial na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), no dia 27 de março, e um encontro com personalidades da cultura brasileira. O comércio bilateral entre os países foi de US$ 8,4 bilhões em 2023.
O francês avisou seus encarregados que deseja fazer uma caminhada a pé, na avenida Paulista, após o evento. Há também uma possibilidade de o presidente da França visitar o Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand.
Por fim, Brasília será a a última cidade, com foco no eixo político. Na capital federal, Macron será recebido novamente por Lula no Palácio do Planalto com honras de Estado. Na reunião bilateral, vão discutir diversos temas, como o acordo Mercosul-União Europeia, o conflito na Faixa de Gaza e a guerra na Ucrânia. Depois, os dois assinam acordos em conjunto e vão almoçar no Palácio do Itamaraty.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, Macron e Lula devem assinar cerca de 15 textos, envolvendo acordo de cooperação e de intercâmbio. São eles: cooperação técnica da Embrapa com a contraparte francesa, modernização da gestão pública, audiovisual, criação de centro de imunologia no Ceará, entre outros.
Existem outros 15 temas que ainda estão em negociações entre as partes, cujos ajustes estão em fase final. Na sequência, o francês vai se reunir com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).