Uma startup norte-americana está desenvolvendo um dispositivo que conecta fones de ouvido a lentes para combater a doença de Alzheimer, transtorno neurodegenerativo que deteriora a cognição e a memória e leva o paciente à morte.
O estudo ainda está em andamento. Pelas conclusões divulgadas pela empresa, a segunda fase da pesquisa aponta que o tratamento é seguro e pode trazer benefícios àqueles acometidos pela doença.
O dispositivo emite sons e luzes para estimular as ondas gama no cérebro, que atuam em frequência rápida e estão associadas às habilidades de pensamento e memória. As pessoas com Alzheimer têm menos dessas ondas.
Participaram do estudo 74 pacientes de Alzheimer em graus leve a moderado. Eles foram divididos em dois grupos. No primeiro, os pacientes receberam falsos estímulos por meio do dispositivo que funcionou como uma espécie de “placebo”. Aos participantes foi pedido usar o aparelho por uma hora diária durante seis meses.
O outro grupo recebeu os estímulos corretos do dispositivo. Os pacientes apresentaram desaceleração de 77% do declínio funcional, medido por uma escala que avalia a capacidade dos pacientes com Alzheimer de realizar atividades cotidianas. Eles tiveram diminuição de 76% nas dificuldades em comparação com o grupo que recebeu falsos estímulos.
Outro dado divulgado pelos desenvolvedores é que os pacientes que usaram o dispositivo tiveram redução de 69% na atrofia cerebral, conforme medido pela ressonância magnética, em comparação com o grupo simulado.
De acordo com os desenvolvedores, o aparelho produz luz a 40 flashes por segundo e som a 40 hertz por segundo para ativar as vias visuais e auditivas do cérebro, que emite as ondas gama.
A abordagem da startup se baseia em uma pesquisa da neurocientista do MIT (Massachusetts Institute of Technology) Li-Huei Tsai. Ela se associou a Ed Boyden, outro professor do instituto. Os pesquisadores descobriram que ao estimular ratos com luz e som a 40 hertz, eles apresentavam melhor desempenho em tarefas de memória e tiveram reduzido o nível de amiloide — proteína que se acumula e forma placas no cérebro de pessoas com doença de Alzheimer.
As ondas cerebrais são o resultado de milhares de neurônios fazendo conexões e se comunicando por meio de sinais elétricos chamados de sinapses. Na doença de Alzheimer, as ligações entre essas redes são interrompidas. A empresa acredita que o dispositivo pode retardar o desenvolvimento do Alzheimer pelo fortalecimento e sincronização dessas conexões.