A interação entre as vestimentas usadas fora do lar e os móveis de casa tem sido uma fonte de preocupação para muitos, suscitando dúvidas sobre higiene e saúde.
Nesse contexto, uma investigação junto a especialistas revela que, embora a precaução seja compreensível, o perigo real representado por essas roupas pode ser menos alarmante do que se presume.
Avaliando os riscos associados
Thomas A. Russo, um influente especialista e chefe de doenças infecciosas na Universidade de Buffalo, compartilha insights valiosos sobre a questão.
Segundo ele, a probabilidade de as vestimentas atuarem como veículos principais para a transmissão de doenças é bastante reduzida.
A incerteza persiste na comunidade científica quanto ao papel exato que roupas e tecidos desempenham na propagação de patógenos, embora se reconheça um potencial teórico sob condições específicas.
Russo enfatiza a complexidade da transmissão de doenças, apontando que a presença de um patógeno nas roupas não é suficiente para causar infecção.
É necessário um contato prolongado com o patógeno, seguido por ações como tocar o rosto, para que haja um risco real. Ele reitera que, embora o risco não seja inexistente, ele é consideravelmente baixo.
Denisa E. Ferastraoaru, professora assistente de medicina na área de alergia e imunologia, ressalta que, além dos microrganismos, as vestimentas externas podem trazer alérgenos para dentro de casa.
A remoção de roupas ao entrar no lar é aconselhada como uma barreira eficaz contra a introdução de alérgenos, como o pólen, no ambiente doméstico.
Roupas, chapéus e óculos devem ser deixados em uma área designada para minimizar a dispersão dessas substâncias.
Ryan Steele, especialista em alergia e imunologia da Escola de Medicina de Yale, complementa que a aspiração regular de móveis de tecido pode ser útil na remoção de partículas de alérgenos acumuladas.
Ele também destaca a importância de lavar o cabelo após a exposição ao pólen, uma vez que o pólen pode se fixar facilmente nos cabelos e sobrancelhas.
Repercussões da pandemia de covid-19
A covid-19 trouxe novas dimensões à discussão sobre higiene e transmissão de doenças.
A preocupação inicial com objetos inanimados, como fômites, transportando o vírus cedeu lugar à compreensão de que as vias respiratórias são os meios mais prováveis de contágio.
Essa mudança de foco reforça a noção de que, apesar das preocupações válidas, as ‘roupas de fora’ não são as principais culpadas na disseminação de doenças como a covid-19.
Estratégias para a redução de riscos
A preocupação com a transmissão de doenças e alérgenos através das roupas levou à busca de estratégias eficazes para minimizar os riscos.
Segundo Thomas A. Russo, uma higiene das mãos consistente e cuidadosa é fundamental para prevenir a propagação de microrganismos.
Lavagens frequentes, especialmente antes de tocar o rosto ou preparar alimentos, são essenciais para eliminar qualquer patógeno que possa ter sido transferido das roupas para as mãos.
Adotar uma política de não usar sapatos dentro de casa representa outra medida preventiva importante.
Os sapatos podem trazer para o lar uma variedade de microrganismos e sujeiras das ruas, agindo como um vetor potencial para a entrada de agentes patogênicos.
Sapatos na porta de uma casa – Imagem: Notícias ao Minuto/Reprodução
Ao se estabelecer uma zona livre de sapatos na entrada da residência, reduz-se significativamente a probabilidade de contaminação dos espaços internos.
Além disso, a manutenção da limpeza dos móveis, especialmente aqueles revestidos com tecido, é crucial. A aspiração regular pode remover partículas de poeira, alérgenos e micróbios potencialmente nocivos.
Para indivíduos particularmente sensíveis a alérgenos, recomenda-se a lavagem de roupas e a higiene pessoal após a exposição a ambientes externos ricos em alérgenos, como durante a alta temporada de pólen.