A relatora da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), se reuniu nesta quarta-feira (6) com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, para falar sobre os desdobramentos das investigações sobre os atos antidemocráticos que resultaram na invasão dos prédios dos Três Poderes. Eliziane disse que o objetivo “foi entender e ter conhecimento de todo o andamento que está sendo feito pela PGR”.
“Gonet nos deu, na verdade, um levantamento geral e a confirmação de que as últimas ações, inclusive que receberam manifestação do Ministério Público, foram embasadas pelas informações do relatório da CPMI. Na última operação da Polícia Federal, por exemplo, dos 24 alvos, 12 estavam indiciados dentro da CPMI. Nós saímos absolutamente felizes e satisfeitos de que o trabalho que tivemos ao longo de 5 meses na CPMI foi um trabalho extremamente produtivo”, disse.
A relatora estava acompanhada do deputado Rogério Correia (PT-MG) e pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MG). Em entrevista à imprensa, Eliziane descartou que a visita a Gonet foi uma forma de pressionar a PGR. “Ainda teremos naturalmente, nos próximos meses ou semanas, novas decisões levando em consideração o que consta no relatório.”
Leia mais: Receita espera receber 43 milhões de declarações do Imposto de Renda 2024; confira prazos
Aos parlamentares, o procurador-geral da República não falou de prazos, mas segundo Eliziane “está havendo uma intensidade e agilidade no processo de investigação”. “Eu até cobrei dele, de fato, esse prazo, mas ele nos assegurou que poderia, na verdade, cometer um erro se fizesse uma definição clara em relação a isso”, disse ela.
Rogério Correia acrescentou que há uma concordância com a tese central da CPMI de que houve “tentativa de golpe”. “É preciso ver globalmente o acontecido. Por exemplo, a reunião com os embaixadores não foi apenas um crime eleitoral. No contexto geral, ela fez parte do processo de mostrar para os setores que interessavam, naquela época, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que as eleições poderiam ser fraudadas e, portanto, era necessária uma ação para que se desse um golpe e não se respeitasse o resultado eleitoral, ou nem se tivesse eleições”, comentou.
Relatório da CPMI
Em novembro do ano passado, a senadora Eliziane Gama entregou o relatório final da CPMI do 8 de Janeiro à PGR. O documento constava 1,3 mil páginas e 7 terabytes de arquivos digitais, incluindo imagens, vídeos e diversos documentos que embasaram os pedidos de indiciamento de mais de 60 pessoas e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Veja: Posicionamento do governo brasileiro sobre Israel não mudará, diz ministro
O alvo central do documento era o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), contra quem foi pedida a responsabilização por quatro crimes: associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado. Militares do alto escalão, ex-assessores de Bolsonaro, supostos financiadores dos atos extremistas e a cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal também estão na lista.
O colegiado aprovou o parecer da relatora, com isso, o relatório paralelo apresentado pela oposição não chegou a ser votado. Nesse documento alternativo, os parlamentares aliados de Bolsonaro pediam o indiciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de outras cinco pessoas, incluindo o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o general Gonçalves Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).