A Sony publicou em sua loja virtual, ainda antes do anúncio oficial, a versão para consoles do novo jogo musical da Ubisoft, o RockSmith+, game que promete ensinar a tocar guitarra para iniciantes da música.
De acordo com a própria desenvolvedora, RockSmith é um jogo eletrônico baseado na tecnologia Guitar Rising, que permite aos jogadores conectar instrumentos musicais e reproduzi-los no console.
O primeiro jogo foi lançado em 2014. De acordo com a descrição da Ubisoft, o jogo “já ajudou quase 5 milhões de pessoas (em todo o mundo) a aprender a tocar guitarra ao longo dos últimos 10 anos”. Atualmente é possível jogá-lo com uma guitarra (ou violão elétrico), baixo e piano. O último instrumento foi acrescentado na jogabilidade em novembro do ano passado. No momento só é possível jogar a nova versão RockSmith pelo PC e Mobile.
No catálogo atual, Rocksmith possui mais de 9 mil músicas. Na base (lógico!) está o rock ‘n roll, diversificado por todo seus gêneros. Mas, com o auxílio da comunidade, é possível (aprender a) tocar canções de Lulu Santos, Luis Gonzaga, Beth Carvalho, Milton Nascimento e Amado Batista. Ah… tem Engenheiros do Hawaii e um álbum do Sepultura, mas, de brazuca, é só.
Segundo publicação da Sony, a data de lançamento de RockSmith+ nos consoles ainda será definida. Mas, de acordo com uma postagem no Reddit, do cronograma de atualizações mensais no jogo, a previsão é de que RockSmith+ chegue para “novas plataformas” em junho.
Análise
RockSmith é um divertido jogo musical que evolui games do gênero como Rock Band e Guitar Hero, sem a necessidade (tendência atual) do uso da realidade virtual. Tocar (de verdade) sua música preferida no videogame é uma experiência marcante. Para quem já tocou em uma guitarra de plástico, o nível de imersão alcançada é surreal.
Mas, somente por si, falha na promessa de ensinar a tocar guitarra. Pode ser um começo para iniciantes, mas se limitar ao jogo na aprendizagem pode viciá-lo em erros difíceis de serem corrigidos no futuro. Rocksmith não substitui um professor de música.
Para jogá-lo era necessário um cabo. Pasmem: é um cabo único da Ubisoft, que vem junto com a mídia física, e o jogo não reconhece o instrumento sem ele. Nem adianta adaptar. Assim, comprar Rocksmith em mídia digital é um tiro no pé. Por exemplo: o cabo estragou? Meu amigo… ele custava o preço do jogo! Em outubro do ano passado, Rocksmith foi retirado das lojas virtuais.
Rocksmith não era um jogo barato (ainda mais segundo a realidade socioeconômica brasileira). Em 2016 ele ganhou uma versão remasterizada (melhora da qualidade do som e da imagem). Ele ganha sobrevida graças aos DLCs, pacotes digitais que expandem seu catálogo de músicas. Todos pagos, lógico.
Há dois anos o novo Rocksmith chegou, somente para o computador, passando a custar uma mensalidade em vez de um valor único. No começo custava US$ 14,99, o que tornou inviável a migração imediata para quem morava no Brasil. Atualmente a mensal, aqui, custa R$ 30. Ainda assim, não acho legal esse modelo de monetização em jogos. (Preço cheio, R$ 335, para jogar somente por um ano. Lembra Fifa?)
RockSmith 2014 não era perfeito. Sempre houve um delay entre a execução do instrumento e o tempo de resposta no jogo. Ainda assim é divertido. É o meu jogo preferido. Não te ensina a tocar, mas é uma experiência musical prazerosa. A conexão, a imersão… Para quem um dia foi “um herói da Guitarra”, é incrível se tonar um “Ferreiro do Rock”.
O que esperar de RockSmith+ nos consoles?
Não tem jeito. Dificilmente o RockSmith voltará ao modelo antigo de cobrança única pelo jogo. Pela tendência de mercado, é prática comum a busca contínua por novos métodos de monetização. A era do cartucho (jogos completos, sem DLC, sem micro transação, sem mensalidade) tornou-se um resquício que raramente é visto fora da nossa memória afetiva.
Há coisas que espero neste retorno aos consoles: o primeiro é a regionalização. Além da tradução (já existente em outros jogos da empresa), espero que os preços cobrados no Brasil estejam ajustados de acordo com a nossa realidade econômica. R$ 100 por mês não dá.
Adoraria que a mesma tecnologia (utilizando o celular no lugar do cabo) esteja presente na nova versão. Deve estar. Porque a logística do cabo sempre foi problemática. Já pensou gastar R$ 200 no cabo (preço do produto na Amazon no dia que escrevi essa análise) e ainda pagar uma mensalidade?
Espero também uma melhoria significativa no tempo de resposta entre a nota executada no instrumento e o som no jogo. Algo que justifique uma nova versão, uma vez que o RockSmith 2014 ainda é divertido de se jogar mesmo dez anos depois do seu lançamento.
Por fim, o modo multiplayer: por que não jogar duas pessoas ao mesmo tempo? Pensa que divertido seria uma noite com os amigos tocando Rocksmith? Tudo bem… você pode colocar uma caixa de som ao lado da televisão e improvisar. Mas acredito que não seja esse o espírito do jogo.
Acho que aqui está, em meu deslumbre, a essência de RockSmith (o que a Ubisoft não deveria perdê-la). Não se trata de aprender a tocar guitarra (ou baixo, ou piano…), mas tocar sua música preferida mesmo sem saber tocar o instrumento.
E tá tudo bem, tá? Aproveite RockSmith. Sinta-se o músico da sua banda preferida. Mas não se prenda ao “Ferreiro do Rock”. Forme a sua uma banda. Aprenda de verdade o instrumento (além de reproduzir o que a tela diz, compreenda o movimento executado). E faça música própria. É assim que se forja o Rock.