O guitarrista Wayne Kramer morreu nesta sexta-feira (2) aos 75 anos. A causa da morte não foi divulgada. Ao lado do baterista Dennis Thompson, Kramer era o único integrante original vivo do MC5, banda que antecipou o punk rock ainda na década de 60, com sua música que unia peso, radicalismo político e experimentação sem deixar de lado o espírito do rock and roll básico.
Ao lado de Fred ‘Sonic’ Smith, Kramer foi incluído na recente lista que a Rolling Stone fez com os 250 maiores guitarristas de todos os tempos – eles dividem a 225ª posição. Para a revista os dois funcionavam como “pistões de um motor potente”, combinando as influências de Chuck Berry e do soul da Motown em paralelo a um interesse crescente pelo free jazz. O texto diz que os dois podiam levar a banda até o espaço sideral, mas mantendo o pé no groove.
Kramer se preparava para lançar um álbum com uma versão reconfigurada do MC5 e se mostrava animado com o futuro. Há alguns meses ele falou com a revista Mojo sobre “Heavy Lifting”, o primeiro álbum dele em duas décadas e da banda desde 1971, gravado com participações de nomes como Slash e Tom Morello. Segundo o guitarrista, o LP segue de onde “High Time”, o derradeiro disco do quinteto parou, e pode ser descrito como uma “extravagância guitarr’ística”. Não se sabe quando este disco será lançado.
O MC5 surgiu em 1963 em Detroit e chegou ao primeiro disco em 1969, quando eram empresariados, ou mentorados talvez seja o termo ideal, pelo atvista político radical John Sinclair. Contratados pela Elektra, os cinco gravam seu disco de estreia ao vivo, de modo a captar a intensa energia dos shows.
“Kick Out The Jams” começava de maneira fora do comum com Sinclair conclamando uma revolução (“chegou a hora de vocês decidirem se vocês serão o problema ou a solução”) antes de introduzir a banda.
A faixa-título, a mais célebre do quinteto, começava com o vocalista Rob Tyner dizendo que era hora de “botar tudo pra fotra seus FDPs”, isso quando era impossível se imaginar um disco trazendo um palavrão. O compacto saiu com o grito editado (trocado por “Brothers and Sisters”) e chegou no top 100 dos EUA – bizarramente a introdução não pode ser ouvida no Spotify. O LP chegou ao 30° lugar, nada mal para um disco tão inovador e violento – que terminava com uma longa jam experimental em clima de free jazz.
Para o LP seguinte, “Back In The USA”, o grupo se voiltou ao rock and roll dos primórdios e novamente surpreendeu, ainda que o público não tenha se animado. Neste trabalho, eles foram produzidos por Jon Landau, o crítico musical que muito em breve se tornaria o empresário de um jovem cantor chamado Bruce Springsteen, posição que ocupa até hoje. “High Time”, tido como o trabalho mais acessível deles, saiu em 1971, e vendeu ainda menos, selando o fim da banda.
Os anos 70 foram difíceis para Kramer, que acaba se envolvendo no mundo do crime,. Ele acabou preso em 1979 depois de vender drogas para um policial disfarçado.
Após deixar a cadeia ele volta a tocar e embarca em sua carreira solo que teve seu melhor momento na década de 90, quando foi contratado pela Epitaph Records, na época fazendo muito dinheiro graças ao sucesso do Offspring.
Sem Tyner, morto em 1991 e Sonic Smith,o MC5 foi reformado em 2003. Rebatizado DKT/MC5 e contando com diversos convidados especiais nos shows – em 2005 eles estiveram no Brasil pela primeira e única vez. A banda dura até 2012, quando o baixista Michael Davis morreu.
Veja uma rara performance do MC5:
E aqui uma mais recente:
Fonte: Vagalume