O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) falou nesta quarta-feira (31) sobre a possibilidade de ser o próximo alvo de operações da Polícia Federal. Na avaliação do parlamentar, “está muito claro que pelo modus operandi é isso que vai acontecer”. O senador criticou a atuação da PF mirando a família Bolsonaro e chamou as últimas ações de “pesca probatória” com o intuito de “perseguição”.
Em um recado direto a Alexandre de Moraes — ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) responsável por autorizar os mandados — Flávio pediu que o magistrado “tome decisões com base nas provas dos autos”. “Faço questão de falar porque, do jeito que as coisas estão hoje, daqui a pouco tem busca e apreensão tendo o senador Flávio Bolsonaro como alvo por causa de uma maluquice”, declarou.
“Está muito claro que pelo modus operandi é isso que vai acontecer. E sem sentido, mais uma vez. Quero crer que ainda exista justiça e que decisões drásticas, como a busca e apreensão, sejam feitas com base em provas e não ficar tentando desgastar a imagem de alguém que é figura pública”, afirmou.
O senador criticou a PF pela operação sobre a “Abin paralela” e disse que ações assim e outras, como o inquérito que apura a importunação à baleia jubarte por parte do pai dele, o ex-presidente Jair Bolsonaro, acabam com a credibilidade da corporação. Flávio também fez menção à postura de Alexandre de Moraes, afirmando que o ministro do STF deve apresentar provas em suas ordens sobre ações policiais.
“As pessoas medem os outros pela sua régua. Então, Alexandre de Moraes, não nos meça pela sua régua. Não tome decisões com base nisso. Tome decisões com base nas provas dos autos. Ninguém está escondendo prova, ninguém tem medo de ser investigado. Não queremos sacanagem, perseguição. Queremos normalidade e paz para trabalhar”, prosseguiu o senador.
Na última segunda-feira (29), a Polícia Federal realizou uma operação para investigar um suposto monitoramento ilegal realizado durante o governo de Jair Bolsonaro. Um dos alvos da operação foi o filho do ex-presidente e vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), irmão de Flávio.
A casa e o gabinete de Carlos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro foram alvos das buscas, assim como a casa da família em Angra dos Reis. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.
Nesta quarta, Flávio se pronunciou sobre a declaração da PF de que uma das embarcações usadas pela família supostamente para pescar horas antes da operação não retornou à residência alvo da operação. Em coletiva da oposição no Senado, o parlamentar negou que isso tenha ocorrido.
“Narrativa absurda e corrobora com o que temos dito: o que aconteceu no domingo, com o vereador Carlos Bolsonaro, no domicílio do ex-presidente Bolsonaro é uma pescaria probatória, o que é vedado pela nossa legislação”, disse.
Flavio ressaltou que não era alvo da operação e que por isso não precisaria voltar ao local. O parlamentar alegou que a moto aquática dada como ausente pela PF não era dele e que teria ido devolvê-la ao dono.
“Não voltei para a residência porque estava em um jet-ski que não era meu, que eu tinha que devolver para a pessoa no local que não era a Vila Histórica de Mambucaba, e depois fui para um almoço”.
“Fica o esclarecimento antes que um absurdo como esse, de que eu fugi, de que eu escondi provas, isso não ganhe corpo e acabe sendo usado por alguém que está presidindo os autos do inquérito e que tem que ter a responsabilidade”, continuou.
Segundo o senador, a PF tinha “intenção não republicana de apreender todos os aparelhos dos quatro Bolsonaro” durante a operação. Flávio afirmou que o irmão Carlos entregou os dois aparelhos celulares e um tablet e que “arbitrariamente a PF levou materiais de pessoas que não tinham absolutamente nada a ver com isso”.
O parlamentar declarou que todos os pontos elencados durante a entrevista foram levados ao presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Segundo o filho de Jair Bolsonaro, existe uma conjuntura para perseguir o espectro político ligado ao pai dele, o que “desequilibra a democracia”. O “efeito da perseguição é um fortalecimento eleitoral do Bolsonaro”, declarou.
Operação da PF
Na última segunda-feira (29), a Polícia Federal realizou uma operação para investigar um suposto monitoramento ilegal realizado durante o governo de Jair Bolsonaro. Um dos alvos da operação foi o filho do ex-presidente e vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).
A casa e o gabinete do parlamentar na Câmara Municipal do Rio de Janeiro foram alvos das buscas, assim como a casa da família em Angra dos Reis. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.
De acordo com a defesa de Bolsonaro, no momento da chegada dos agentes da PF, o vereador Carlos Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro não estavam no local por terem saído para pescar, mas que voltaram “imediatamente” ao saber das buscas.
A operação tem como foco descobrir os possíveis destinatários das informações supostamente obtidas ilegalmente pelo grupo, que monitorava autoridades brasileiras — entre eles, os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.
Na última quinta-feira (25), o deputado federal e ex-diretor-geral da agência Alexandre Ramagem (PL-RJ) também foi alvo de busca e apreensão. O gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados foi um dos endereços visitados pelos agentes.
Relembre o caso
Em 2023, a PF encontrou indícios do uso de mais ferramentas de espionagem ilegal por servidores da Abin — entre elas um programa de invasão de computadores que permitia acesso a todo o conteúdo privado dos alvos. Os softwares foram encontrados nos equipamentos apreendidos durante as buscas. As informações foram repassadas à RECORD por uma fonte da corporação.
A suspeita é de que os investigados usavam “técnicas que só são permitidas mediante prévia autorização judicial”.
Em 20 de outubro do ano passado, a PF revelou que um sistema de geolocalização da Abin para dispositivos móveis, como celulares e tablets, teria sido usado em monitoramentos ilegais por servidores mais de 30 mil vezes em dois anos e meio. Entre os alvos da espionagem irregular estariam ministros do Supremo Tribunal Federal, jornalistas, políticos e adversários do ex-presidente Bolsonaro.