Quem tem acne sofre duplamente: além de ter que lidar com os incômodos das espinhas e cravos, essas pessoas enfrentam atitudes preconceituosas que podem afetar a vida pessoal e até mesmo oportunidades profissionais. Essa é a conclusão de um novo estudo publicado no Jama Dermatology, conduzido por pesquisadores americanos do Brigham and Women´s Hospital em parceria com diversas universidades, como Yale e Harvard.
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Sabe-se que a acne, especialmente em casos graves, pode afetar o bem-estar psicológico e a autoestima. No entanto, ainda há poucos dados sobre o estigma enfrentado por essas pessoas. Para entender melhor as atitudes do público em geral, os autores do estudo selecionaram imagens de quatro pessoas, tanto homens quanto mulheres, com diferentes tons de pele, que foram digitalmente alteradas para simular versões com acne moderada e grave.
Depois, eles fizeram uma enquete com 1.357 adultos, recrutados em uma plataforma que reúne voluntários para participar de pesquisas, a ResearchMatch. Cada um tinha que observar determinado retrato e responder perguntas sobre impressões e desejo de contato social, entre outras.
De modo geral, os resultados mostraram atitudes como menor vontade de ser amigo, de namorar ou de contratar para um emprego diante de fotografias de quem tinha acne grave em relação a quem não tinha a doença. O estudo também apontou evidências de que a associação foi maior para aqueles com acne grave e pele negra.
Para os autores, os resultados reforçam o preconceito que existe em diversos cenários e a necessidade de medidas para reduzir essas atitudes e aumentar o acesso aos cuidados por parte de quem tem acne. “O conhecimento científico, atitudes mais inclusivas nos ambientes sociais e de trabalho e informação de qualidade de que a acne é uma doença e tem tratamento nos ajudará a diminuir essas desigualdades”, diz a dermatologista Selma Hélène, do Hospital Israelita Albert Einstein.
“O conhecimento do impacto da doença na vida da pessoa fez com que ela fosse reconhecida como doença e não como algo normal em determinada fase da vida”, completa a médica.
Embora a acne ainda seja muito vista como um problema estético, é importante lembrar que é uma doença inflamatória, que pode e deve ser tratada. E vale frisar: não é contagiosa nem está relacionada à sujeira da pele.
Ela ocorre quando há um acúmulo de sebo, células mortas e bactérias que entopem os folículos pilosos na superfície da pele, causando uma inflamação. Dependendo do grau, leva à formação dos famosos cravos (comedões), pústulas (lesões com pus), além de outras lesões, como nódulos. Elas costumam aparecer no rosto, mas também podem surgir nas costas e nos ombros.
A doença é mais comum na adolescência, já que as alterações hormonais da puberdade estimulam as glândulas sebáceas, gerando insegurança, baixa autoestima e isolamento social.
Mas também pode surgir na infância e na vida adulta. Para cada faixa etária, há uma causa específica. Fatores como perfil genético, tipo de pele, composição das bactérias que habitam a pele, entre outros, também estão por trás da doença e determinam sua gravidade.
O tratamento deve ser feito o quanto antes e, dependendo do grau de acne, pode ajudar a evitar as cicatrizes. “O tratamento precoce, com diagnóstico preciso e orientações para o dia a dia são muito importantes,” diz a especialista.
Nos casos leves, inclui lavagem com sabonetes específicos e aplicação de produtos de uso tópico. Casos mais graves podem precisar de remédios via oral, sempre indicados pelo dermatologista. É essencial nunca espremer nem manipular as lesões. Atualmente, há diversas técnicas para tratar as cicatrizes, como lasers e peelings, entre outras.