Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade McMaster, no Canadá, descobriu um medicamento injetável capaz de reduzir a internação de pacientes com Covid-19 logo no início da doença — o Interferon Lambda Peguilado.
A pesquisa, liderada pelo brasileiro Gilmar Reis e por Edward Mills, docentes da Universidade McMaster, contou com a parceria de Jordan Feld, da UHN (University Health Network), e de Jeffrey Glenn, da Universidade Stanford, nos Estados Unidos. As descobertas foram publicadas no periódico The New England Journal of Medicine, em 9 de fevereiro.
De acordo com o material, os autores testaram a efetividade do Lambda entre junho de 2021 e março de 2022, oferecendo aos voluntários, pacientes de Covid-19, o medicamento e o placebo, de forma aleatória, no Brasil e no Canadá. Dessas pessoas, 931 receberam o Lambda e 1.018 tomaram um placebo, sendo que 83% dos participantes tinham sido vacinados.
Uma vez injetado, o Lambda ativa as defesas antivirais do sistema imunológico contra o vírus do Covid-19 que invadem as vias aéreas. Entre os participantes do estudo mais vacinados, a injeção reduziu significativamente a necessidade de hospitalização ou de atendimentos de emergência em comparação com o placebo.
Segundo os pesquisadores, uma única dose da injeção se mostrou mais eficaz do que qualquer tratamento precoce atualmente disponível para Covid-19 e pode evitar problemas potenciais de adesão do paciente a tratamentos medicamentosos.
Eles informam, ainda, que o Lambda não é um medicamento específico para um vírus. Ele pode atender a todas as variantes e até mesmo a outros vírus respiratórios, como o da influenza — para o qual estão sendo iniciados testes para sua efetividade.
“Esta descoberta nos permite entrar em uma nova era, em que você pode ter intervenções de pan-vírus contra uma série de doenças”, disse Mills, professor do Departamento de Métodos de Pesquisa em Saúde, Evidências e Impacto.
“O objetivo final seria usá-lo em combinação com Paxlovid, mas isso precisa ser avaliado em um ambiente de ensaio clínico”, finaliza Reis.