A dupla que protagonizou a fuga inédita de uma penitenciária federal no Brasil — considerada de segurança máxima —, em Mossoró (RN), completa um mês foragida nesta quinta-feira (14). Apesar do tempo de buscas, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que viajou para o município nessa quarta (13), afirma que a operação “está se desenvolvendo, até o momento, com êxito”.
Lewandowski participou de uma reunião com os integrantes da força-tarefa formada para capturar os presos. Ao menos 500 agentes participam do grupo. Não é a primeira vez que o titular viaja para o estado — a primeira ida ocorreu em 18 de fevereiro.
• 14/2
Deibson Cabral Nascimento e Rogerio da Silva Mendonça conseguiram escapar durante a madrugada. Os dois fugitivos são suspeitos de ter ligações com a facção Comando Vermelho, no Acre, onde o grupo domina as operações criminosas e onde a dupla estava presa até setembro do ano passado.
• 16/2
Moradores disseram ter visto a dupla em diversas ocasiões. Dois dias após a fuga, Deibson e Rogerio teriam feito uma família refém, na zona rural de Mossoró. Neste dia, a polícia também encontrou pegadas, calçados, roupas, lençóis e uma corda, além de uma camiseta do uniforme da penitenciária, em uma área de mata.
• 22/2
Três pessoas foram presas em flagrante por supostamente terem facilitado a fuga dos detentos.
• 24/2
A PF (Polícia Federal) passou a oferecer uma recompensa em dinheiro, de até R$ 30 mil, por informações que levem à captura da dupla.
• 26/2
Um homem identificado como Ronaildo da Silva Fernandes foi preso por suspeita de ajudar os fugitivos. Ele é dono de um sítio em Baraúna, município na zona rural do RN que fica na divisa com o Ceará, e teria recebido R$ 5 mil para abrigar Deibson e Rogerio por oito dias.
• 27/2
Os fugitivos foram vistos em um vilarejo no Rio Grande do Norte. Segundo informações obtidas pela RECORD, os moradores do local reconheceram Deibson e Rogerio, que voltaram para a mata antes da chegada da polícia.
• 1º/3
Durante a madrugada, a PF acionou helicópteros, drones, equipamentos que captam calor humano e cachorros farejadores, que sentiram o cheiro dos fugitivos e percorreram 600 metros, mas sem êxito. Àquele momento, as autoridades acreditavam que os foragidos estavam perdidos e sem ajuda, já que os rastros indicavam que estavam voltando para o estado, em vez de tentar fugir.
• 3/3
Forças de segurança cercaram uma fazenda em Baraúna, após moradores da região relatarem ter visto os foragidos durante a madrugada. Os dois teriam invadido uma propriedade rural e agredido um agricultor. De acordo com policiais que participam das buscas, os detentos roubaram outros moradores.
• 5/3
As buscam chegaram ao 21º dia e superaram o tempo de fuga de Lázaro Barbosa, conhecido como ‘maníaco do Centro-Oeste’. Ele matou quatro pessoas da mesma família, no Distrito Federal, e ficou 20 dias foragido até ser morto pela polícia, em Cocalzinho de Goiás (GO), em 2021.
• 8/3
A Polícia Federal prendeu um suspeito de ajudar os fugitivos. Foi a sexta prisão desde a fuga. A polícia também investiga um casal suspeito de comprar roupas para os foragidos. Os fugitivos já foram vistos em diversas ocasiões. No entanto, os investigadores não conseguem capturá-los.
• 11/3
A PF divulgou imagens de possíveis disfarces dos dois fugitivos. Segundo fontes consultadas pela corporação, os técnicos trabalham com nova possibilidade visual, que trazem projeções de crescimento de cabelo, barba e uso de disfarces. As fotos foram elaboradas por papiloscopistas do setor de Representação Facial Humana do INI (Instituto Nacional de Identificação) da PF, em Brasília.
A penitenciária de Mossoró tem área total de 12,3 mil m². Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, os custodiados ficam em celas individuais, equipadas com dormitório, sanitário, pia, chuveiro, mesa e assento. Não há tomadas nem equipamentos eletrônicos.
Dentro das penitenciárias federais, há unidades básicas de saúde, e todos os atendimentos básicos são realizados pela equipe de especialistas e técnicos dos locais. Também há parlatórios para o atendimento de advogados e salas de videoconferência para participação em audiências judiciais.
Para ser transferido para o sistema penitenciário federal, os presos precisam:
• ter cargo de liderança ou cometer crime que ponha em risco a integridade física no presídio comum;
• integrar organização envolvida em crimes com violência ou grave ameaça;
• ser réus colaboradores ou delatores premiados com risco à integridade física; ou
• estar envolvidos em fugas, violência ou grave indisciplina no presídio de origem.
O Brasil tem cinco penitenciárias federais. Cada unidade tem capacidade para 208 detentos, o que totaliza 1.040 vagas no sistema penitenciário federal. No entanto, apenas 551 (53%) espaços estão ocupados. Confira a quantidade de presos em cada uma:
• Porto Velho (RO): 134
• Catanduvas (PR): 126
• Campo Grande (MS): 115
• Mossoró (RN): 68
• Brasília (DF): 46