Tecnologia autônoma está cada vez mais espalhada por sensores e atuadores dos veículos
A Inteligência Artificial é empregada pela indústria automobilística em diversos equipamentos que estão em centenas de modelos comercializados no mundo. Por exemplo, os sensores e radares que analisam o comportamento do motorista ao volante nas diversas situações do trânsito. É o motorista vigiado em tempo real e orientado por voz digitalizada a seguir pelo caminho seguro.
Nos carros e SUVs mais sofisticados, os sensores analisam os movimentos dos olhos e a velocidade de abertura e fechamento das pálpebras. Há sensores acoplados a câmeras no local do retrovisor, que podem detectar um estado de sonolência. No “cluster” ou tela pra informações ao motorista, aparece a frase “você esta cansado, estacione e descanse”. Se o motorista desrespeita, surge estridente aviso sonoro que não pode ser desligado, até o estacionamento do veículo.
São sistemas como o piloto automático adaptativo, que são cada vez mais acessíveis e instalados em veículos de custo médio nos mercados do mundo. No Brasil, está no novo VW Tiguan, assim como Jeep Compass, Toyota Corolla Cross, entre outros modelos.
Constante evolução
Nos Estados Unidos, os sensores já detectam os odores que o corpo exala. Em microssegundos, os sinais de uma possível embriaguez são detectados. A IA comunica ao motorista através de avisos que se retire do volante ou o carro não vai ligar. Dirigir embriagado é a causa majoritária dos acidentes graves em todo o mundo.
Há 60 dias, a IA disponível no avançado Classe E da Mercedes-Benz assumiu o controle para uma direção autônoma no trajeto de São Paulo à cidade de Limeira, 150 quilômetros distante. Era o teste do Classe E 2024, realizado por Carros & Motos do CP. Bastava manter as mãos no volante, uma exigência da Mercedes, mas as funções de acelerar, frear, esterçar, fazer curvas, foram comandadas pela inteligência artificial. O novo Classe E tem IA no terceiro nível num máximo de cinco níveis. Os modelos da Tesla já tem nível 4 de direção autônoma. Mas a meta é chegar ao nível 5 até 2030.
Os avanços não foram suficientes para que o motorista “tire uma soneca”, enquanto o carro o transporta em segurança pela rodovia. Elon Musk, o poderoso proprietário da Tesla, vende seus modelos como autossuficientes. Basta manter as mãos ao volante e apertar o botão da total automação para que o motorista se torne passageiro.
Mas a inteligência artificial do Auto Pilot pode trocar a curva pela reta e seguir em frente. Isto ocasionou graves acidentes com mortes. Elon Musk responde a processos, mas sempre nega que o Auto Pilot tenha falhas no projeto. Musk atribuiu as falhas a “mau uso” e negligência da parte dos motoristas.
Agora, marcas automobilísticas anunciam o uso dos radares “lidar” utilizados na indústria aero espacial. Estes medem a propriedade da luz refletida para obter com precisão a imagem do objeto distante. O lidar é tridimensional e começa a ser utilizado em supercarros como o Mercedes-Benz GT Black series. Os motoristas alemães já passam como raios com seus GT nas estradas de velocidade livre da Alemanha. Podem enxergar na tela do painel o que está mil metros à frente. Melhor que seja assim, porque o GT estará lá em segundos.
Os radares a bordo são valiosos instrumentos de segurança, que enxergam além das brumas da noite ou do trânsito complicado do dia. A partir do efeito doppler, projetam imagens nítidas na tela do painel. Estes radares de distancia já estão em modelos familiares de custo acessível, como um Audi A4 ou BMW Serie 3. Estes radares enxergam no mínimo uns 100 metros à frente, o que amplia o nível de segurança ativa.
Décadas de utilização de veículos motorizados evidenciaram que somente os olhos e o cérebro humano não são suficientes para uma viagem segura. A aviação sentiu isto antes, devido aos riscos inerentes de uma travessia oceânica. Os grandes jatos hoje informam ao cérebro em tempo real os dados sobre clima, possíveis tempestades em rota, obstáculos no céu. São informações fundamentais para a segurança do voo. Mas como o cérebro processara estas informações é outra historia.
Limites da IA
No meio do oceano Atlântico, o Airbus A330 da AirFrance, com seu altíssimo nível de inteligência artificial, prosseguia na rota Rio de Janeiro-Paris sob forte turbulência. Na cabine de comando, dois pilotos com grau mediano de experiência porque o comandante dormia em seu intervalo de descanso. Os dois receberam as informações de que era necessário o desvio manual na rota devido a tempestade a frente. Os pilotos ignoraram o aviso e o grande jato, fustigado por ventos terríveis e nuvens carregadas de eletricidade, caiu de 11 mil metros de altura: 258 passageiros morreram. Na tragédia do Airbus a mente humana errou em não seguir os conselhos da alta tecnologia.
No lado humano as sinapses estão subordinadas a fatores físicos e emocionais. Já a IA, baseada em complexos cálculos matemáticos, é fria como a neve. Os radares instalados em veículos e sistemas de segurança sofisticados como as suspensões adaptativas as condições de rodagem são exemplos de como os chips têm salvado milhares de vidas em condições climáticas cada vez mais brutais e decisivas. A ajuda às ações humanas é o lado luminoso da IA
Os automóveis são receptores preferenciais da IA, “já utilizada como poderoso instrumento de marketing”. A Mercedes tem o sistema MBUX totalmente vocal, lançado em modelos no segundo semestre de 2023. O novo MBUX tem a capacidade a capacidade de manter longos diálogos com quem estiver no habitáculo. A voz digitalizada entende os desejos e necessidades do motorista e dialoga com ele. Convencendo, por exemplo, a evitar alguma problemática região da cidade.
Também fara alguns comentários sobre o filme em cartaz com criticas em relação ao filme. A AI é baseada em complexo sistema de algoritmos sintetizados em chips de alta potência. É simulacro do entendimento humano, que depende de um sistema muito mais complexo que tem rotas e caminhos inexpugnáveis.
Os cientistas têm se deparado com um desafio que levou à falência a divisão de carros com inteligência artificial Argo, da Ford. A montadora perdeu 10 bilhões de dólares com uma frota de carros autônomos guiados unicamente pelas fórmulas matemáticas. Em dois anos de experimentação com inúmeros acidentes em rua e rodovia, ficou claro e evidente que a IA não conseguia entender aquele motorista que “ligava o pisca à esquerda mas entrava à direita”. A total imprevisibilidade das atitudes humanas só podia ser entendida por humanos.
Os carros da Argo, desorientados pelas constantes improvisações, aceleravam quando deviam frear. A Ford fechou a Argo e agora se dedica à expansão de sua frota elétrica. Talvez a derrota da Argo seja vitória de um humanismo que ao guiar um automóvel não pode ser trocado por “números e frações”. Como diz o especialista em automobilismo do Correio do Povo, Bernardo Bercht. Cujas narrativas sobre automóveis velozes têm sempre aquele tom emocional e humano que nos fez amar Ayrton Senna. Mas qual robô poderia substituir Senna?