‘Nossos heróis são os trabalhadores e empreendedores, que produzem com criatividade e muito suor toda a riqueza da nossa sociedade’, ressalta Eduardo Ribeiro
Em seus históricos discursos em 1940, Winston Churchill não apresentou aos britânicos o impacto da guerra no Produto Interno Bruto (PIB) global. Ele não mencionou dados de custo-benefício ou conclusões de estudos de revistas acadêmicas. O que fez foi traçar uma linha moral nas areias onde os nazistas seriam combatidos: a Inglaterra lutaria até a vitória porque isso era o certo a ser feito. Foi assim que ele conseguiu unir o país em seu momento mais sombrio, diferenciando o certo do errado, amigos de inimigos, sem meios-termos e sem constrangimento. Há uma lição política importante nesta história.
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Por muito tempo, nós, liberais, acreditávamos que era possível convencer a população da superioridade do livre mercado e do capitalismo pela elegância de nossos argumentos. Os gráficos do crescimento do PIB per capita do século 19 até o século 21; a redução das pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza; a queda da mortalidade infantil e o aumento da expectativa de vida.
“Esquecemos que o argumento moral em defesa da liberdade é mais convincente e, em última instância, mais importante do que qualquer análise utilitária”
Eduardo Ribeiro
Tudo isso, pensávamos, levaria à mesma conclusão lógica sobre o tipo de sociedade que permitiu esses progressos. Ledo engano. Considerações dessa natureza servem mais para reforçar a crença dos convertidos do que para mudar alguém de posição. Esquecemos que o argumento moral em defesa da liberdade é mais convincente e, em última instância, mais importante do que qualquer análise utilitária.
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O discurso de Javier Milei no Fórum Econômico Mundial, em Davos, representa uma guinada forte nessa direção. Sim, o presidente argentino mencionou alguns dos números que fazem parte do arsenal retórico de todo bom liberal. Mas, na essência de sua mensagem está a defesa da liberdade e da superioridade moral do capitalismo.
Milei traça a linha na areia ao afirmar que o capitalismo de livre mercado não é apenas o único sistema capaz de acabar com a pobreza mundial, mas também é moralmente desejável. Ele resgata Adam Smith — o filósofo moral, não o economista — ao lembrar que, numa sociedade em que todos são livres para produzir e trocar, os interesses individuais e coletivos se alinham.
Milei e a ameaça ao capitalismo
Neste sistema, a ambição dos empreendedores não é imoral, pois resulta em produtos e serviços melhores e mais baratos para toda a população. Todo o maravilhoso progresso da sociedade ocidental repousa sobre esse frágil alicerce, ameaçado pelo crescimento de ideias socialistas que consideram a ambição, o sucesso e até a competência como imorais, frutos de alguma injustiça estrutural da sociedade.
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“Quem acredita no livre mercado acredita no poder da competição, não das conexões”
Eduardo Ribeiro
O discurso encerra com uma verdadeira ode aos empresários, que Milei descreve como “heróis”, criadores da era de prosperidade inédita em que vivemos. A fala soa como algo de outro mundo no contexto do “capitalismo de compadrio” em que vivemos, mas é correta e precisa ser lembrada. Quem acredita no livre mercado acredita no poder da competição, não das conexões; na oferta de produtos e serviços melhores e mais baratos, não de acordos e propinas por baixo dos panos.
É preciso seguir o exemplo de Milei. É hora de traçar nossas linhas na areia. Defendemos a liberdade não apenas porque funciona para reduzir a pobreza, mas porque ela é moralmente superior. Nossos heróis são os trabalhadores e empreendedores, que produzem com criatividade e muito suor toda a riqueza da nossa sociedade. Se Churchill inflamava os corações dos ingleses contra os nazistas, nós enfrentamos um inimigo abstrato, mas não menos perigoso: as ideias socialistas. O mundo próspero em que vivemos na era moderna é uma exceção, um oásis no deserto da miséria da história. É nosso dever defendê-lo.
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Por Eduardo Ribeiro, presidente nacional do Partido Novo
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