Depois de ficar seis meses sem nenhuma empresa controlando o estacionamento rotativo em Florianópolis, um novo sistema foi implantado em 18 de dezembro de 2023. Vencedora da licitação, a G2 controla 2.400 vagas no Centro da Capital, no triângulo entre as avenidas Beira-Mar Norte, Gustavo Richard e Mauro Ramos.
Estacionamento rotativo em Florianópolis – Foto: LEO MUNHOZ/ND
Para o aposentado Milton Mazzei, 76 anos, o sistema fez falta. Para a técnica de radiologia Eliane Bussolo, 40, os motoristas com crédito deveriam ser cobrados de forma automática para facilitar. Para a produtora de conteúdo Eliana Silva, 64, faltou informação depois que a nova empresa começou a controlar as vagas, além de um período de adaptação para os motoristas.
Eliana conta que na terça-feira (16), às 12h18, diversos motoristas foram multados por “estacionamento em desacordo com o rotativo” na rua José da Costa Moellman e proximidades, no Centro, mesmo em vagas regulares e com crédito para estacionar.
“Meu marido deixou o carro numa vaga de idoso, com o comprovante de identificação no painel, crédito no aplicativo de estacionamento e saiu certo de que o rotativo funcionava como antes”, explica Eliana. Ao retornar para o carro, entretanto, o aposentado Francisco Silva, 64, encontrou uma multa.
Entenda o estacionamento rotativo em Florianópolis
Gerente da G2, empresa que controla os estacionamentos rotativos na Capital, Winicius Katiano, 32, explica que houve uma mudança.
Antes, os motoristas estavam acostumados a deixar o carro nas vagas e, tendo crédito, eram debitados de forma automática. Com a nova empresa, entretanto, não é assim. Para utilizar as vagas rotativas, os motoristas precisam baixar o aplicativo Pare Fácil ou comprar crédito com os monitores, que ficam próximos às vagas de colete amarelo.
“Baixando o app a pessoa escolhe a cidade [Florianópolis] e é direcionada para uma página onde coloca CPF e senha. Quem não tem cadastro clica em ‘cadastre-se’, preenche os dados e recebe um código de confirmação no email. Basta colocar o código no app”, explica Katiano.
Caso tenha crédito da empresa anterior, o saldo será vinculado ao Pare Fácil. Caso não ocorra a migração, pode haver conflito entre o cadastro anterior e o novo.
Depois do cadastro, para usar o estacionamento rotativo, o motorista precisa definir, previamente, quanto tempo deseja utilizar a vaga. Em caso de Zona Azul, o limite é de duas horas. Em Zona Branca, cinco. O valor é de R$ 2 por hora para carros e R$ 1 para motociclistas.
Katiano explica ainda que, como é um sistema rotativo, se a pessoa colocou duas horas, após esse tempo, para manter o veículo estacionado, precisa encontrar outra vaga e acionar novamente o “estacionar veículo” no app.
“Não trabalhamos com débito automático. É uma política da empresa e foi acordado entre nós e a prefeitura. Precisa se deslocar para outra vaga [caso exceda o tempo inicial] mesmo que seja perto”, ressalta.
Após a notificação do monitor de tempo excedido ou ausência de reserva, existe tolerância de 10 minutos. Depois disso, o débito é gerado. Quando fica com saldo negativo, o motorista precisa se dirigir ao escritório da empresa no Largo da Alfândega (antiga base da Guarda Municipal). Caso seja notificado e multado, vai arcar com uma despesa de R$ 190.
Estacionamento rotativo em Florianópolis tem 40 monitores, 20 pela manhã e 20 à tarde, contratados pela G2 – Foto: LEO MUNHOZ/ND
Carros com câmeras fazem fiscalização
Além de 40 monitores, 20 pela manhã e 20 à tarde, a G2 tem um carro com câmeras para a fiscalização, que capta as placas e verifica quem está regular [ativou no aplicativo] e quem está irregular [não comprou hora nem no app nem com monitores e vai ser gerado débito].
“Esse carro passa nas ruas com a Guarda Municipal, que aplica as multas. O carro também não notifica, só informa a irregularidade à Guarda”, afirma Katiano.
Nova concessão no futuro
Para explorar os estacionamentos rotativos da cidade, a G2 assinou um contrato com a prefeitura de 12 meses, cuja vigência começou após a publicação no Diário Oficial do Município em 16 de novembro de 2023.
Superintendente de Mobilidade Urbana e Transporte, Valci Brasil Junior afirma que a prefeitura preferiu uma licitação, porque a empresa anterior teve sucessivas renovações, porém, ainda neste ano, o município começa um novo termo de referência para ampliar o volume e cobertura de estacionamentos rotativos, incluindo Continente e balneários.
“Será um novo contrato, quem sabe uma concessão, para a empresa ficar mais tempo, gerar vínculo com a cidade, saber onde realmente precisa de estacionamento rotativo. Ou seja, um sistema mais amplo, contemplando os bairros, como a cidade merece”, frisa Brasil.
Em relação à G2, Brasil explica que haverá uma reunião com a prefeitura, hoje, para avaliar o primeiro mês. Brasil adiantou que é necessário ampliar as formas de oferecer o serviço.
A operação anterior, por exemplo, tinha os parquímetros, que facilitavam a compra de crédito pelos motoristas. Também se cogita cadastrar comerciantes que queiram oferecer o serviço, verificar quais ruas têm demanda maior e necessitam de mais monitores, além de verificar com a Guarda Municipal como está a fiscalização.
“Uma reunião geral para colocar tudo na mesa e ver o que pode melhorar”, diz Brasil. Um dos pontos questionados pelos leitores do jornal ND, a ausência do débito automático para quem possui crédito também será discutida no encontro.