Estudo de botânica foi iniciado em 1879 e envolveu várias gerações de cientistas desde então. Descobertas já são impressionantes.
Um experimento científico que já dura quase 15 décadas tem gerado enorme curiosidade. Ele foi iniciado em 1879, passou por um processo de análise em 2021 e só deve ser finalizado em 2100.
O experimento consiste em descobrir por quanto tempo uma semente permanece apta para germinação. Essa é uma das mais longas da história das ciências biológicas.
Desde 1879, quando William J. Beal, primeiro cientista envolvido, enterrou as sementes, o trabalho passou de mão em mão, de forma que muitos sequer estarão vivos quando o estudo for concluído.
Sementes da pesquisa foram desenterradas em 2021
Estudo é um dos mais longos da história das ciências biológicas – Foto: Reprodução
Parte das sementes enterradas por Beal foi retirada do solo quase 145 anos depois, em abril de 2021, por cientistas norte-americanos.
A equipe foi comandada pelo professor e biólogo Frank Telewski, da Universidade Estadual de Michigan.
Ele foi o escolhido para guardar o mapa do local onde o experimento havia sido enterrado em 1879.
A área ficava em um buraco e foi cavada cuidadosamente pela cientista Marjorie Weber. Ela utilizou as próprias mãos para chegar ao que eles consideram um verdadeiro tesouro.
O grupo descobriu uma garrafa de vidro, de cerca de meio litro, o item utilizado por Beal para preservar as sementes. Dentro dela, os cientistas encontraram sementes e areia.
Tudo foi encaminhado para análise laboratorial, assim os pesquisadores estão debruçados em traçar conclusões sobre cada uma das plantas e sementes.
O que motivou o experimento de 15 décadas?
Tudo começou depois que William J. Beal decidiu estudar sobre as ervas daninhas que atrapalhavam as lavouras e os agricultores de Michigan.
Ele era um botânico do Colégio de Agricultura da Universidade Estadual de Michigan e queria desenvolver uma pesquisa para descobrir formas de aumentar a produção agrícola e eliminar ervas daninhas, que cresciam descontroladamente no final do século 19.
Para entender o comportamento das plantas, ele decidiu investigar por quanto tempo as sementes dessas ervas permaneciam próprias para germinação e poderiam persistir no subsolo.
O cientista encheu 20 garrafas de vidro com 50 sementes de 23 espécies de ervas daninhas e as enterrou com a boca para baixo.
O local escolhido foi o terreno da própria universidade e ele fez um mapa para não se esquecer da localização exata.
Beal se aposentou aos 77 anos, depois de liderar o estudo por algumas décadas, mas logo o passou adiante para pesquisadores mais jovens.
Descoberta impressionante sobre as ervas daninhas
Quase 150 anos depois, os cientistas que abriram as garrafas em 2021 descobriram que as sementes continuam germinando.
Apesar desse tempo todo, os pesquisadores ainda não conseguiram chegar a uma resposta sobre como eliminar a erva daninha.
O que está claro, até então, é que algumas sementes possuem uma longevidade impressionante e sobrevivem em estado dormente durante várias décadas.
A ideia agora, além de chegar a respostas para a pergunta original de Beal, é avaliar por quanto tempo a capacidade de germinação permanecerá nessas sementes.
Como novos métodos e tecnologias surgiram, os cientistas acrescentaram novas perguntas sobre as plantas. Por isso, a pesquisa deve continuar por algumas décadas.
A garrafa desenterrada em 2021 foi a de número 14. A de número 20 só deve ser retirada do solo em 2100. Será que as sementes continuarão germinando 220 anos depois?
Diante dos resultados já catalogados, os cientistas não descartam a ideia de prolongar o estudo ainda mais.