5 lições sobre a indústria da música que aprendemos com o último relatório do Spotify

O relatório Loud & Clear, do Spotify, faz um verdadeiro panorama da indústria da música de dentro da maior plataforma de streaming do mundo – afinal, são quase meio bilhão de usuários ativos.

Os dados da empresa sueca revelam várias tendências que ajudam a interpretar a indústria da música. Embora seja repleto de otimismo institucional, o estudo serve para confirmar múltiplas tendências, como o crescimento da receita dos artistas independentes e a globalização da música, cada vez menos centrada na Europa e América do Norte.

Confira cinco pontos chave desse novo relatório a seguir!

As principais novidades do Loud & Clear, do Spotify

Pagamentos recordes para a indústria musical

O Spotify registrou o pagamento anual mais alto de sua história para a indústria musical, ultrapassando a marca dos US$9 bilhões de dólares. 

Essa cifra quase triplicou nos últimos seis anos, com um total de mais de 48 bilhões pagos desde a fundação da plataforma.

Há mais artistas ganhando (e gerando) dinheiro

O número de artistas que geram pelo menos US$1 milhão, US$100 mil e US$10 mil quase triplicou desde 2017, evidenciando uma maior distribuição de receita na indústria.

No início da medição, eram 460 os artistas que chegavam à marca de US$1 milhão. Em 2023, o clube dos milionários cresceu para 1.250.

Segundo os cálculos do próprio Spotify, os artistas podem estar ganhando o equivalente a quatro vezes esse valor, se levarmos em conta todas as demais plataformas de música. O relatório cita também a venda de ingressos e de merchandising – este último, cada vez mais presente no próprio Spotify – como outras fontes de receita.

Artistas independentes em alta

Os indies geraram cerca de US$4,5 bilhões de dólares no Spotify, representando uma parcela significativa da receita total da plataforma.

Faça as contas e você notará que isso é metade do total pago pelo Spotify no ano. Ou seja, os artistas independentes podem estar ganhando ainda mais que aqueles com gravadoras – considerando que há menos pessoas com quem dividir os cheques de Daniel Ek. 

Foi a primeira vez que o valor pago a artistas independentes e não-independentes foi equilibrado. 

Inglês é opcional

Pode dar um descanso para o Duolingo. Diferente das vagas anunciadas no LinkedIn, o inglês não é pré-requisito para o sucesso em escala global no mundo da música. A análise apontou espanhol, alemão, português, francês e coreano entre os idiomas mais ouvidos na plataforma após a língua do Tio Sam. 

Isso é corroborado pelo relatório de música do final de ano de 2023 da Luminate, que constatou que os ouvintes mais jovens nos EUA estão se interessando por “world music” em idiomas diferentes do inglês. 

Agora, o Spotify diz que mais da metade dos artistas que geraram pelo menos US$10 mil são de países onde o inglês não é o primeiro idioma. Além disso, o relatório destaca o crescimento significativo de artistas não anglófonos, com idiomas como hindi, indonésio, punjabi, tâmil e grego apresentando aumentos expressivos em 2023.

Carreiras em ascensão no longo prazo

Quase metade dos artistas que receberam pelo menos US$10 mil no Spotify em 2017 agora estão gerando mais de US$50 mil, indicando um crescimento significativo desde então.

Muitos dos artistas que geraram pelo menos US$1 milhão não são nomes conhecidos do grande público e não necessariamente precisaram de um “hit” para terem um ano de destaque. Surpreendentemente, 80% deles não tiveram uma música que alcançasse o Top 50 da parada de músicas globais diárias do Spotify.

O que esses pontos levantam é que a indústria é feita de pequenas mudanças a cada vez, e aos poucos esse panorama vai ficando completo.

Embora boa parte dos artistas independentes ainda não possam respirar aliviados, é animador notar que o mercado está ficando um pouco mais justo para seus trabalhadores e, consequentemente, para os fãs de música também – o que não significa que mudanças não precisem continuar acontecendo.