Um aluno da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foi preso na manhã desta quarta-feira, 20, no câmpus Monte Alegre, zona oeste da capital paulista, sob suspeita de articular o sequestro de um colega de faculdade. O caso ocorreu em dezembro do ano passado. A vítima, de 18 anos, foi liberada após passar mais de 30 horas em cativeiro.
“O aluno foi o autor intelectual (do sequestro), embora tenha se passado como uma própria vítima”, disse ao Estadão o delegado Fabio Nelson, divisionário da Delegacia Antissequestro (DAS) da Polícia Civil. Segundo a polícia, o suspeito tem 42 anos e cursa Fonoaudiologia. Foram detidos ainda dois adolescentes e outro adulto, também de 42 anos.
O caso ocorreu em 5 de dezembro na região de Campo Limpo, zona sul de São Paulo. A Polícia Civil afirma que, logo após pegar uma corrida de aplicativo, a vítima, que estuda Direito na PUC-SP, encontrou com o aluno de Fonoaudiologia na Rua Carlos Caldeira Filho. O sequestro teria ocorrido próximo dali.
“Ele, de repente, foi abordado e o sujeito que foi abordado junto com ele permaneceu no cativeiro como se vítima fosse, mas não era”, disse Nelson. Segundo ele, a abordagem ocorreu à mão armada. As investigações indicam que a vítima foi levada para um cativeiro na Rua Gustavo Paiva, a alguns quarteirões.
Por lá, a vítima chegou a ser agredida com coronhadas e teve uma arma apontada para sua cabeça, em ação gravada pelo celular. Os criminosos, então, enviaram o vídeo para a família do aluno de Direito e exigiram quantia de R$ 20 mil para libertá-lo. Desesperada, a mãe do estudante acionou a polícia.
“A família teve assessoramento de especialistas. No dia seguinte, a vítima foi libertada pelos sequestradores sem pagamento do resgate”, afirmou o delegado.
O caso foi atendido pela 3ª Delegacia Antissequestro, que contou com ajuda de outros setores da polícia. Ao todo, a vítima passou mais de 30 horas em cativeiro. Apesar do trauma e das agressões, não houve ferimentos graves.
Investigações
Após o caso, a Polícia Civil passou a apurar quem seriam os autores do sequestro. Neste momento, algumas informações inconsistentes começaram a chamar a atenção. “Ele (o estudante de Fonoaudiologia) passou um perfil que não existia para a vítima, dizendo que morava em um bairro que não morava”, disse.
Segundo a investigação, o estudante de Fonoaudiologia residia próximo ao local de onde o sequestro ocorreu. A hipótese da polícia é que o suspeito viu uma possibilidade de conseguir ganhar dinheiro cometendo o crime e, por conta disso, teria se aproximado da vítima.
Para executar o plano do sequestro, o “falso amigo” reuniu então alguns comparsas. “As investigações identificaram que ele é o autor intelectual e que um dos indivíduos que foi preso, o outro de 42 anos, tem três (registros de) roubos anteriores”, disse Nelson.
Além da prisão do estudante de Fonoaudiologia, outros dois suspeitos, entre eles um adolescente, foram detidos nesta quinta no Capão Redondo, na zona sul. Já outro adolescente foi apreendido nesta quinta-feira, 21, na mesma região. As investigações continuam.
Em nota enviada à reportagem, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo confirmou que policiais civis à paisana estiveram no campus Monte Alegre na manhã desta quarta e cumpriram um mandado de prisão contra um aluno. A universidade afirmou ainda não ter recebido qualquer outra informação oficial.
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