Mais um clássico, mais uma derrota. O Fluminense chegou a 11 jogos sem saber o que é vencer os principais rivais do Rio de Janeiro. A sequência incomoda o time e o torcedor, claro, mas não tanto. A maior preocupação é com o desempenho em 2024, e a adaptação de novas peças ao esquema de Fernando Diniz.
Com mais dois clássicos agendados para as próximas semanas, o Fluminense terá de reverter a série negativa se quiser defender o título estadual. Teremos dois Fla-Flus decisivos nas semifinais: um duelo que nos últimos quatro anos decidiu o campeão, com duas vitórias para cada lado.
A sequência negativa atual começou justamente depois da goleada histórica do Fluminense sobre o Flamengo, na final de 2023. O 4 a 1 foi para muitos o início da afirmação do time de Fernando Diniz, que acabaria por terminar o ano como campeão da Libertadores.
O título continental, aliás, explica muito a seca tricolor. Depois da fatídica final, os clássicos se tornaram secundários para o Fluminense, focado na Libertadores na maior parte dos duelos. O único revés mais pesado para a equipe foi na Copa do Brasil, quando o Rubro-Negro deu o troco e eliminou o Flu.
Contra o Botafogo, a diferença dada ao clássico ficou evidente nos primeiros minutos. Em ritmo de treino, o time misto do Tricolor foi presa fácil para um aguerrido e bem organizado Alvinegro. As mudanças de Fernando Diniz no segundo tempo deram maior equilíbrio, mas a vitória botafoguense terminou por ser justa perante um rival ainda na “ressaca” do título da Recopa, contra a LDU.
Com prioridades em outro lado, o Fluminense lamenta a sequência em clássicos, sem no entanto tornar isso um problema maior. O desempenho em 2024 é a grande preocupação.
Reforços em adaptação, pilares em má fase
A grande dúvida na temporada é como Fernando Diniz vai reconstruir a nova engrenagem do Fluminense. Com nomes novos e importantes como Renato Augusto, Douglas Costa, Antônio Carlos e David Terans, a equipe ainda busca ajustes, e a mudança não tem sido simples.
Para começar, a temporada tricolor teve início mais tarde que os rivais. Com a presença no Mundial de Clubes, os atuais campeões sul-americanos viram as férias serem prolongadas para depois da abertura do Carioca. O estadual começou com Marcão no comando de um time repleto de garotos e com alguns reforços, como Lelê e Renato Augusto. Isso pode ajudar a entender a má fase de alguns medalhões da equipe, como Ganso, Germán Cano, Keno e Marcelo, todos veteranos, o que pode também exigir mais tempo para adquirir a melhor forma física.
Além de não contar com alguns dos seus principais jogadores em grande forma, Diniz ainda parece tentar entender como escalar os seus melhores nomes juntos. O posicionamento de Renato Augusto e David Terans, por exemplo, é um desafio para o técnico, em especial o primeiro, que parece ter chegado para ser titular. Ambos gostam de atuar próximo ao gol, mais centralizados, contribuindo com passes decisivos e finalizações a gol. Mas para isso teriam de disputar posição com Ganso ou até com John Kennedy, uma espécie de 12º titular desde a reta decisiva de 2023.
Contra o Botafogo, Terans e Renato Augusto tiveram de se adaptar a funções em que não se sentem tão confortáveis. A falta de intensidade do meio-campo, com Martinelli e André poupados e Lima de primeiro volante, foi determinante nos gols sofridos. Diniz tem testado também Renato Augusto ao lado de Ganso no meio-campo, em uma configuração que deixa o time exposto e com baixa combatividade no setor.
Nas pontas, outro desafio para Diniz. John Kennedy não tem características que o técnico gosta para operar pelos lados. O atacante rende melhor quando joga centralizado, mas o time acaba por perder em profundidade e depende mais das subidas dos laterais para isso. O técnico ainda conta com Douglas Costa e Marquinhos como opções para o setor. A dupla, no entanto, ainda precisa se adaptar ao estilo do treinador.
Na defesa, substituir Nino também tem se mostrado um grande desafio. Antônio Carlos e Marlon tiveram bons momentos neste início de temporada, porém ainda sem a regularidade do antigo pilar defensivo. Em um setor que conta com Felipe Melo e Marcelo, a falta de entrosamento e de cobertura pode significar espaços perigosos. André e Martinelli tem se desdobrado para prover esse suporte, porém sempre sobrecarregados.
Fernando Diniz não terá todas as respostas para os clássicos contra o Flamengo. Não será fácil defender o título contra o milionário time de Tite, que parece mais estável no momento. Mas o Carioca não é a prioridade para ambos os clubes, hoje entre os favoritos em todas as frentes. Resta saber se Diniz conseguirá reconfigurar sua equipe para seguir fazendo história no restante da temporada.
Fernando Diniz