Durante o ano fiscal de 2023 (entre 1º de outubro de 2022 e 30 de setembro de 2023), 89 brasileiros foram detidos por dia tentando atravessar ilegalmente a fronteira dos Estados Unidos. A informação é do CBP (órgão de Alfândega e Proteção de Fronteiras) norte-americano. Ao todo, foram 32.492 no período, número 43% menor do que no ano fiscal de 2022, quando 57.021 brasileiros foram pegos nessa condição.
Apesar da queda, 2024 começou com uma alta de 31% no número de brasileiros presos. Em janeiro foram 1.926 prisões contra 1.460 realizadas no mesmo mês do ano anterior. Comparado aos últimos três anos, 2022 lidera o ranking dos flagrantes, com 3.086 brasileiros detidos no primeiro mês do ano.
Atualmente, os Estados Unidos enfrentam a maior crise migratória, sobretudo com a constante entrada de imigrantes mexicanos. Em um comunicado divulgado na última terça-feira (13), o CBP informou que o país continua “a enfrentar sérios desafios ao longo da fronteira que ultrapassam a capacidade do sistema de imigração”.
O órgão informou que apenas na fronteira sul do país, onde reúne maior entrada de imigrantes, mais de 176 mil pessoas tentaram entrar ilegalmente em janeiro deste ano. A maior parte era composta por maiores de idade desacompanhados ou integrantes da mesma família.
Entre janeiro e novembro de 2023, 19 brasileiros foram resgatados vítimas de tráfico e outras 229 pessoas foram contrabandeadas, segundo a Polícia Federal. Nos Estados Unidos, país de grande visibilidade para migrantes, brasileiros chegam a pagar entre US$ 20 mil e US$ 25 mil –entre R$ 100 mil e R$125 mil no câmbio atual – para contrabandistas realizarem o transporte até o país.
Atualmente, a forma mais comum que contrabandistas usam para facilitar a entrada de pessoas nos Estados Unidos é o esquema “cai-cai”. Segundo a delegada da Polícia Federal Janine Barros, o método consiste na viagem de migrantes acompanhados de crianças, que se apresentam as autoridades locais, garantindo que não sejam imediatamente deportados. Por estarem com um menor de idade, o migrante responde ao processo em solo norte-americano.
“Esse esquema de cai-cai ele é mais atual porque com a troca de governo [nos Estados Unidos] também foi mais facilitada a questão de quem entra com criança. O esquema se inicia aqui no Brasil, na maioria das vezes com organizações criminosas brasileiras, a maioria delas saem do estado de Minas Gerais, grande parte [de] Governador Valadares e Ipatinga. Eles são aliciados por contrabandistas ou às vezes os próprios imigrantes vão atrás de contrabandistas para fazer esse esquema”, comentou a delegada ao R7.
Janine disse que há casos de falsificação de documentos de crianças, facilitando o disfarce de pessoas que se passam por responsáveis. Com a onda de brasileiros tentando entrar nos EUA pelo México, o país passou a exigir visto, o que gerou uma mudança constante nas rotas de entrada.
Em junho, a Polícia Federal cumpriu sete mandados de busca e apreensão, três mandados de prisão preventiva e um mandado de prisão temporária contra suspeitos de envolvimento em organização criminosa que promovia imigração ilegal para os Estados Unidos. O grupo seria responsável por contrabandear 250 brasileiros, sendo 100 menores de idade, pela fronteira mexicana.
No Brasil, o Código Penal prevê uma pena de 2 a 5 anos de prisão e multa para pessoas que promoverem, com o fim de obter vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro.