O Ministério das Relações Exteriores declarou nesta terça-feira (13) que o ataque planejado por Israel na região de Rafah, ao sul da Faixa de Gaza, terá “graves consequências”. A nota cita que a ofensiva na região fará novas vítimas civis e pode gerar um “movimento de deslocamento forçado de centenas de milhares de palestinos”. A declaração do governo brasileiro foi divulgada no dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viaja para países próximos à região. O presidente embarca para o Egito nesta terça (13), e em seguida irá à Etiópia.
“O governo brasileiro recebe, com grande preocupação, o recente anúncio, por parte de autoridades israelenses, de preparação de nova operação militar terrestre em Gaza”, afirmou o Itamaraty. A região alvo das operações de Israel fica na fronteira com o Egito, considerado o último refúgio da população palestina.
O Ministério das Relações Exteriores estima que 80% dos moradores de Gaza foram forçados a deixar suas casas, muitos em direção a Rafah, que inicialmente foi indicada como uma área segura pelas autoridades de Israel.
A pasta reiterou os pedidos para o fim da guerra. “O governo brasileiro reitera sua conclamação em favor da cessação das hostilidades e da libertação dos reféns em poder do Hamas como passos para a superação da crise humanitária em Gaza.”
Na última sexta-feira (9), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou o ataque em Rafah, identificada pelo exército israelense como o último reduto do grupo Hamas. Netanyahu pediu que o exército detalhe a estratégia para destruir os batalhões do Hamas espalhados pela área próxima à fronteira com o Egito. “É impossível eliminar todos os terroristas deixando quatro batalhões do Hamas em Rafah”, disse.
O R7 entrou em contato com a Embaixada de Israel no Brasil e aguarda um posicionamento em resposta à nota emitida pelo governo brasileiro.
Leia a nota completa do Itamaraty
“O governo brasileiro recebe, com grande preocupação, o recente anúncio, por parte de autoridades israelenses, de preparação de nova operação militar terrestre em Gaza, desta vez no Sul, na região de Rafah, na fronteira com o Egito. Tal operação, se levada a cabo, terá como graves consequências, além de novas vítimas civis, um novo movimento de deslocamento forçado de centenas de milhares de palestinos, como vem ocorrendo desde o início do conflito.
O início dos deslocamentos forçados, primeiramente do Norte para o Sul de Gaza, a partir de 8 de outubro, é elemento indissociável da dramática crise humanitária vivida há quatro meses pela população de Gaza, e mereceu a condenação do Brasil e de boa parte dos países, à luz do direito internacional e do direito internacional humanitário. Estima-se que 80% dos habitantes de Gaza tenham sido obrigados a deixar suas casas, e a maioria deles na direção de Rafah, indicada inicialmente como área segura pelas autoridades israelenses.
O governo brasileiro reitera sua conclamação em favor da cessação das hostilidades e da libertação dos reféns em poder do Hamas como passos para a superação da crise humanitária em Gaza. E reafirma seu compromisso com uma solução de dois Estados, com um Estado da Palestina viável, convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental como sua capital.”