Projeto inovador guarda obras de escritores famosos para serem abertas somente em 2114, levantando debates sobre acessibilidade e elitismo na literatura.
Imagine escrever um livro que só será lido por gerações futuras, daqui a 90 anos. Essa é a proposta intrigante da Biblioteca do Futuro, um projeto que desafia as normas convencionais de publicação e oferece uma perspectiva única sobre o legado literário para o futuro.
Iniciado em 2014, o projeto da Biblioteca do Futuro em Oslo, Noruega, está programado para durar até 2114.
A cada ano, uma obra de um escritor renomado é adicionada à coleção, mas com uma reviravolta: tais livros permanecem inacessíveis e não são publicados até o final do projeto, daqui a 90 anos.
Projeto cheio de segredos
Os manuscritos, guardados no último andar da Biblioteca Pública de Oslo, são protegidos a sete chaves, e os autores são proibidos de discutir as obras enquanto elas permanecem na Sala do Silêncio por nove décadas.
Idealizado pela artista escocesa Katie Paterson, o projeto inclui uma Sala do Silêncio construída com madeira entalhada, contendo espaço para cada um dos 100 livros armazenados até 2114.
Autores como David Mitchell, Elif Shafak e Margaret Atwood já contribuíram para o projeto, embora nem todos revelem sua participação.
Sala do Silêncio, idealizada por Katie Paterson – Imagem: Katie Paterson/Reprodução
Debates sobre o projeto
No entanto, a Biblioteca do Futuro não está livre de críticas. Algumas vozes a chamam de “cápsula do tempo elitista”, acusando-a de violar o propósito essencial de uma biblioteca: disponibilizar livros ao público.
A discussão sobre acessibilidade e exclusividade na literatura está em pauta, enquanto a iniciativa continua a despertar interesse e polêmica.
Apesar das controvérsias, os defensores do projeto acreditam em seu potencial para inspirar futuras gerações e promover a alfabetização e a imaginação.
Para Anne Beat Hovind, presidente do conselho, a Biblioteca do Futuro representa um espaço seguro e um símbolo do compromisso com a preservação e a disseminação da cultura e do conhecimento para as gerações futuras. Afinal, como ela coloca:
“Se não iniciarmos este tipo de projeto transgeracional, não há nada que possamos realizar”.
Formada produtora editorial e roteirista de audiovisual, escrevo artigos sobre cultura pop, games, esports e tecnologia, além de poesias, contos e romances. Mãe de três curumins, dois cachorros e uma gata, também atuo ativamente em prol à causa indígena no Brasil.