(Enem/2023) Dão Lalalão
Do povoado do Ão, ou dos sítios perto, alguém precisava urgente de querer vir por escutar a novela do rádio. Ouvia-a, aprendia-a, guardava na ideia, e, retornado
ao Ão, no dia seguinte, a repetia a outros.
Assim estavam jantando, vinham os do povoado receber a nova parte da novela do rádio. Ouvir já tinham ouvido tudo, de uma vez, fugia da regra: falhara ali no Ão, na véspera, o caminhão de um comprador de galinhas e ovos, seo Abrãozinho Buristém, que carregava um rádio pequeno, de pilhas, armara um fio no arame da cerca… Mas queriam escutar outra vez, por confirmação. — “A estória é estável de boa, mal que acompridada: taca e não rende…” — explicava o Zuz ao Dalberto.
Soropita começou a recontar o capítulo da novela. Sem trabalho, se recordava das palavras, até com clareza — disso se admirava. Contava com prazer de
demorar, encher a sala com o poder de outros altos personagens. Tomar a atenção de todos, pudesse contar aquilo noite adiante. Era preciso trazer luz, nem uns enxergavam mais os outros; quando alguém ria, ria de muito longe. O capítulo da novela estava terminando.
ROSA, J. G. Noites do sertão (Corpo de baile). São Paulo: Global, 2021.
Nesse trecho do conto, o gosto dos moradores do povoado por ouvir a novela de rádio recontada por Soropita deve-se ao(à)
A) qualidade do som do rádio.
B) estabilidade do enredo contado.
C) ineditismo do capítulo da novela.
D) jeito singular de falar aos ouvintes.
E) dificuldade de compreensão da história.
RESOLUÇÃO:
Embora os moradores já tivessem ouvido a novela pelo rádio, todos queriam ouvi-la novamente, agora contada por Soropita, pois seu jeito singular de falar aos ouvintes tomava a atenção de todos.
Resp.: D
VEJA TAMBÉM:
– Questão resolvida envolvendo Alvares de Azevedo, do Enem 2014-PPL
– Questão resolvida sobre autores literários, da Unesp 2018-2