A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do Instituto Bio-Manguinhos, negocia a produção de uma vacina brasileira contra a dengue com a farmacêutica japonesa Takeda, produtora do imunizante Qdenga. As primeiras 750 mil doses chegaram ao Brasil no último sábado (20) e serão destinadas a pessoas de 10 a 14 anos em 521 municípios do país.
O Instituto afirma que teve “conversas iniciais” com o laboratório japonês sobre uma “possível transferência de tecnologia”, mas que nenhuma decisão foi formalizada até o momento.
Por meio de nota, a Takeda informa que a empresa “está comprometida em buscar parcerias com laboratórios públicos nacionais para acelerar a capacidade de produção da vacina” e que possui um plano estratégico para atingir a meta de 100 milhões de doses por ano até 2030.
O Brasil adquiriu 6,5 milhões de doses da vacina Qdenga, que devem ser entregues ao longo do ano. A previsão é que 3,2 milhões de pessoas sejam imunizadas a partir de fevereiro, considerando que a vacina precisa de duas doses com intervalo de, no mínimo, três meses.
Segundo o Censo de 2022, a população do Brasil é de 203 milhões de pessoas. Ou seja, a previsão é que aproximadamente 1,5% de brasileiros seja vacinado contra a dengue este ano. O governo federal afirma que outras 9 milhões de doses da Qdenga estão garantidas para 2025.
A escolha do público-alvo de crianças e adolescentes se deve ao fato de que esse é o grupo com maior quantidade de hospitalizações, atrás somente dos idosos. A vacina, porém, não foi autorizada para este público pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ela está aprovada apenas para quem tem entre 4 e 60 anos de idade.
O Instituto Butantan está desenvolvendo uma vacina tetravalente contra a dengue. A “Butantan-DV” está na fase 3 dos ensaios clínicos, e a previsão é terminar o estudo em 2024. Resultados preliminares apontam 79,6% de eficácia geral para prevenir casos da doença.
O Brasil registrou 305.190 casos prováveis de dengue entre julho de 2023 e o início de janeiro deste ano, segundo o Ministério da Saúde. O índice representa um aumento de 38,2% em relação ao mesmo período do ano anterior (julho de 2022 a janeiro de 2023), quando esse número foi de 220.846.
As unidades da federação com a maior incidência da doença são:
• Distrito Federal (863 casos por 100 mil habitantes);
• Acre (633 por 100 mil);
• Espírito Santo (660 por 100 mil);
• Goiás (329 por 100 mil); e
• Minas Gerais (325 por 100 mil).
O boletim da pasta aponta que durante esse período aconteceram 127 mortes por dengue e outras 164 estão em investigação. Em relação aos casos graves, o Brasil registrou quase 4 mil ocorrências com sinais de alarme e uma taxa de letalidade de 3,3%.
Segundo estimativa do Ministério da Saúde em parceria com o InfoDengue, da Fiocruz, o número de casos da doença no Brasil pode chegar a 5 milhões este ano.