O deputado federal de partido de esquerda Amom Mandel (Cidadania-AM) deu voz de prisão a quatro policiais militares em uma abordagem do policiamento especializado da Polícia Militar do Amazonas, na zona leste de Manaus, na noite da última quinta-feira, 5.
Mandel alegou que a abordagem dos militares foi “truculenta”. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas (SSP-AM), a abordagem foi feita no âmbito de uma “operação contínua das forças de segurança para a redução de índices criminais no Estado”. A corregedoria-geral da SSP-AM acompanha a questão.
Um inquérito policial foi aberto para investigar a acusação. “O carro em que o deputado estava, dirigido pela namorada do parlamentar, trafegava com as luzes apagadas, janelas em insulfilme 100% e realizando a troca de faixa de forma desordenada, o que chamou atenção de uma viatura que patrulhava a área”, disse a SSP-AM em nota.
Deputado acha que sofreu represália por denúncia feita à Polícia Federal
A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas também disse que os PMs deram sinais luminosos e sonoros para que o deputado e a namorada parassem o carro, o que teria sido ignorado.
“Nesse momento o deputado desembarcou do carro e passou a questionar e reprovar a atuação dos agentes, alegando que não poderia ser abordado daquela forma”, disse a SSP.
Ainda de acordo com o órgão, Amom Mandel não teria aceitado “as justificativas apresentadas para a abordagem” e decidiu dar voz de prisão aos militares por “suposto abuso de autoridade”.
Revoltado com a abordagem, o parlamentar teria ligado para o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Vinicius Almeida, para questionar a abordagem dos policiais, segundo o portal Poder360.
“Nem mesmo a chegada do subcomandante-geral da Polícia Militar e do próprio secretário de Segurança amenizou a situação”, disse ainda a SSP na nota. “E, atendendo ao pedido do deputado, os envolvidos foram encaminhados a uma delegacia, onde foram ouvidos pela delegada de plantão, que não encontrou elementos para prender em flagrante os policiais.”
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O deputado Mandel disse em nota oficial que deu voz de prisão aos policiais de abordagem “truculenta”. Ele disse que os PMs apontaram uma arma de fogo contra o rosto da namorada.
Mandel também disse que questionou os motivos para estarem apontando a arma para o rosto dela, ao que os policiais teriam respondido: “Assim é a abordagem”. O parlamentar negou que a namorada tenha trocado de faixa de modo desordenado.
O parlamentar acredita que a abordagem foi feita como uma represália por ele ter denunciado à Polícia Federal que membros do alto escalão da SSP estariam envolvidos com o crime organizado.
Deputado se posiciona
Em nota, a equipe de comunicação de Mandel afirma que ele nunca se declarou de esquerda, apesar de integrar os quadros de filiados do Cidadania. O estafe do parlamentar ainda cita que a legenda adotou o nome de PPS, mas não cita, que antes disso, a nomenclatura era Partido Comunista.
“O deputado federal Amom Mandel nunca se declarou de esquerda, como descreve o título da matéria”, afirma a equipe do parlamentar, em nota encaminhada a Oeste. “Apesar de, em sua criação, o partido ser o antigo Partido Popular Socialista (PPS), hoje possui um alinhamento entre a centro-direita e a centro-esquerda. O que compactua com a postura de Amom, que possui um posicionamento político de centro, ora votando matérias a favor da esquerda, ora se colocando contra, com a conhecida postura de independência política, sem se comprometer com linhas ideológicas. Além do mais, o partido faz parte de uma federação que, dentro do Congresso Nacional, possui posicionamentos de oposição ao governo em muitas votações.”
Além disso, a equipe de Mandel divulgou uma nota oficial sobre o caso.
“Todas as informações referentes à denúncia feita pelo deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) à Polícia Federal, sobre o suposto envolvimento de membros da alta cúpula da Segurança Pública do Amazonas com organizações criminosas, foram divulgadas nesse sábado (06/01) à imprensa local. Junto a esse material estavam as informações sobre a consequente abordagem policial ocorrida na última quinta-feira, 4 de janeiro de 2024.
A denúncia à PF, que ocorreu no dia 13 de dezembro de 2023, foi mantida em sigilo por questões de segurança. Nas semanas seguintes, o deputado sofreu ameaças, insinuações e intimidações de diversas vertentes, além de ter sido alvo, junto com a sua companheira, de uma abordagem policial truculenta. Por esse motivo, Amom decidiu trazer a público o caso, como tentativa de se resguardar. Sendo assim, é falsa a afirmativa do secretário de Segurança Pública do Amazonas, Cel Marcos Vinícius, dita em coletiva, de que o deputado fez uma cortina de fumaça.
A abordagem policial truculenta foi relatada à Polícia Federal e foi apensada como parte da investigação anterior. Esse inquérito irá apurar tanto o envolvimento da alta cúpula da segurança pública com facções criminosas, quanto as intimidações contra o parlamentar. As medidas cabíveis foram tomadas e a investigação dos fatos será feita de acordo com os trâmites legais.”
Conteúdo atualizado em 10/1/2024, às 21h03, para alteração do título (com a supressão da definição “da esquerda”) e inclusão do posicionamento oficial do deputado federal Amom Mandel sobre o caso.