O espetáculo de luzes e sons proporcionado pelos fogos de artifício é uma tradição celebrada em diversas partes do mundo, marcando festividades de fim de ano e momentos especiais. No entanto, por trás da beleza aparente, escondem-se perigos que o show pirotécnico podem causar nos animais.
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Recentemente, um incidente em Cuiabá chamou a atenção para esses riscos, quando um cão se desesperou com o barulho dos fogos e caiu do 8º andar, no último dia de 2023, em um prédio na Capital. O conversou com médica veterinária, Andréia Stragliotto, para entender os impactos do ruído excessivo dos fogos de artifício em cães e gatos.
Segundo ela, a sensibilidade auditiva dos cães capta o estrondo das explosões em uma intensidade duas vezes maior que a percebida pelos humanos. Além disso, eles ficam transtornados por não entender a origem do barulho.
“Eles ficam assustados por ser um som repentino e não conseguem identificar a fonte desse barulho. A audição deles capta a [explosão dos fogos] duas vezes a mais do que o ser humano. Pra gente já é assustador e alto e pra eles isso é o dobro”, explica.
A especialista destaca que esse pânico pode levar a consequências sérias para a saúde dos “bichinhos” e também à mudança de comportamento. Andréia relata já ter atendido diversas ocorrências de animais assustados ou que sofreram algum tipo de acidente por estarem assustados.
“Já atendi várias ocorrências de acidentes com animais assustados. Eles ficam desesperados e tentam fugir por espaços pequenos, grades, portões, pulam a janela e podem se machucar com cortes profundos e até fraturas”, alerta.
Diante desse cenário, a médica veterinária faz algumas orientações para os tutores minimizarem o impacto negativo dos fogos de artifício na vida de seus animais de estimação. Em primeiro lugar, ela recomenda que os cães não sejam deixados sozinhos durante eventos pirotécnicos.
Além disso, os donos podem fazer massagem no dorso e nas patinhas, além de utilizar o aromaterapia para deixar os animais relaxados. Já no caso dos gatos, recomenda-se deixar uma caixinha onde eles possam se sentir mais confortáveis.
“Nesses casos, o ideal é que os tutores não deixem os animais sozinhos. Se não for possível, recomenda-se que eles fiquem em ambientes fechados, onde não haja a possibilidade de fuga ou acidente. Os donos também podem colocar um som ambiente calmo e tranquilo, aumentando gradativamente até que eles se acostumem”, finaliza.
Desespero
Brenne Abrantes, tutor do cachorro chamado Theo, acabou perdendo seu animal de estimação, na madrugada do dia 1º de janeiro. O cão morreu após pular do 8° andar de prédio durante queima de fogos em Cuiabá. Segundo Brenne, o cão era muito dócil e não tinha comportamento hiperativo. “Nosso filho foi feliz até o último dia de vida, te amamos Theo, sua vida será eternizada em nossos corações para sempre”, disse.
Falta de fiscalização
Desde junho deste ano, está em vigor em Mato Grosso a lei 12.115, que proíbe a venda, transporte, armazenamento e soltura de fogos de artifício com efeito sonoro. Apenas fogos de vista, aqueles que produzem efeitos visuais “sem barulho”, continuam permitidos em todo o estado.
A fiscalização do cumprimento desta lei e a imposição de multas estão sob a responsabilidade da Administração Pública Estadual. Contudo, até o momento, as regras de fiscalização não foram definidas.