Um ano depois do 8 de Janeiro, a peça “The Pearl” (A Pérola, em português) continua desaparecida do acervo da Câmara dos Deputados. Com valor estimado em R$ 5 mil, o objeto de metal com uma pérola no centro foi entregue ao então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pelo ministro de Relações Exteriores do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, em setembro de 2019.
Outros 33 objetos que ficaram nos prédios públicos atacados, mas foram danificados, seguem em processo de restauração. Ao todo, o prejuízo estimado é de R$ 22 milhões. Uma bola autografada pelo jogador de futebol Neymar também chegou a ser roubada da Câmara dos Deputados no dia dos ataques extremistas. No entanto, o objeto foi recuperado em São Paulo e devolvido a Brasília pela Polícia Federal.
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A bola foi devolvida pelo próprio autor do furto. O homem confessou ter participado dos atos e levado o objeto, mas não ficou preso porque o caso não foi em flagrante.
O objeto foi um presente ao Museu da Câmara concedido, em 2012, pela Delegação de Jogadores do Santos Futebol Clube. A bola foi entregue ao então presidente da Casa, Marco Maia, em sessão solene que comemorava o centenário do clube. O jogador de futebol Paulo Henrique Ganso também a autografou.
Ao todo, 33 obras de arte ainda estão sendo restauradas ou aguardam pelo reparo. São 15 peças no Supremo Tribunal Federal (STF), 10 no Palácio no Planalto, 6 na Câmara dos Deputados e 2 no Senado. Entre as obras danificadas, estão objetos de valor inestimável, como o relógio de Dom João VI, do século 17. Nesse caso, o Planalto aguarda um acordo de cooperação técnica com a Embaixada da Suíça no Brasil, que deve oferecer técnicos especializados para o restauro da obra.
No caso do Senado, das 21 peças danificadas, 19 foram restauradas. Uma delas é a tapeçaria de Burle Marx, que foi arrancada da parede pelos extremistas, que sujaram a obra com urina e pó de extintor de incêndio. Avaliada em R$ 4 milhões, a obra de arte já foi devidamente reintegrada ao patrimônio do Senado.
As duas peças que ainda faltam passar por restauro é a pintura a óleo “Ato de Assinatura da Primeira Constituição” (uma tela do século 19 cuja moldura da parte inferior foi quebrada por extremistas) e um painel de Athos Bulcão avariado com estilhaços de vidro e espuma de extintor de incêndio. Os valores estimados dos restauros são de R$ 800 mil e R$ 143,6 mil, respectivamente. O trabalho depende da contratação de restauradores especializados, o que está previsto para 2024.
Na Câmara, dos 46 presentes protocolares avariados de alguma forma no 8 de Janeiro, 38 itens foram tratados e seis estão em processo de restauro. Entre os objetos em processo de restauro, estão dois vasos de porcelana (um húngaro e outro chinês), presentes de parlamentares para o então presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, em 2011 e 2012.
No Planalto, das 13 obras de arte danificadas por manifestantes, apenas três foram restauradas:
— Escultura de ferro (de Amilcar de Castro);
— Marquesa em metal e palha (de Anna Maria Niemeyer); e
— Mesa-vitrine (de Sérgio Rodrigues).
Outras obras, como a pintura sobre tela “As Mulatas”, de Emiliano Di Cavalcanti, e a escultura de bronze “O Flautista”, de Bruno Giorgi, exigem trabalho de restauro especializado, segundo o Planalto. Para isso, foi firmado um acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan), e os trabalhos de restauração tem previsão para iniciarem ainda em janeiro deste ano na Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Principal alvo dos vândalos no 8 de janeiro, o STF teve 951 itens furtados, quebrados ou completamente destruídos pelos extremistas. Até o momento, 116 foram restaurados, 15 aguardam restauração e 106 foram totalmente perdidos.
No dia 9 de janeiro, o Supremo deve inaugurar a exposição “Após 8 de janeiro: reconstrução, memória e democracia”, em que serão expostas peças danificadas e fragmentos do prédio decorrente da violência dos extremistas.