O ministro da Defesa da Coreia do Sul, Shin Won-sik, afirmou nesta sexta-feira (29) que prevê que o ELWR (reator experimental de água leve) da Coreia do Norte esteja totalmente operacional no próximo ano e que é pouco provável que o regime o utilize para produzir plutônio para bombas atômicas.
As declarações de Shin são divulgadas depois de a IAEA (na sigla em inglês — Agência Internacional de Energia Atômica) ter alertado, na semana passada, sobre sinais de atividade no reator localizado no Centro de Pesquisa Nuclear de Yongbyon, cerca de 100 km ao norte de Pyongyang.
Shin disse que o Exército sul-coreano já detectou descarga de água no sistema de refrigeração do reator em agosto e que, tendo em conta os tempos de capacitação operativa desse tipo de unidades de fissão, é provável que demore um total de 11 meses para estar totalmente operacional.
Ao mesmo tempo, considerou muito pouco prováveis os receios comunicados pela IAEA sobre a possibilidade de Pyongyang utilizar o reator para produzir plutônio para bombas, uma vez que a proporção de plutônio 239 (o isótopo de armas nucleares) gerado por reatores de água leve no combustível irradiado é muito baixa.
Nesse sentido, lembrou que o regime já obtém plutônio do seu reator de 5 megawatts de eletricidade, também localizado em Yongbyon, uma vez que, apesar de ter menos potência que o ELWR (que é estimada em 25-30 megawatts elétricos), produz o referido isótopo com mais eficiência.
Shin considerou que o argumento norte-coreano de que o ELWR será utilizado para produzir eletricidade para o próprio complexo de Yongbyon “não é totalmente descartável” e que, por sua vez, Pyongyang pode dar a esse reator outros usos militares como, por exemplo, como campo de testes para desenvolver um pequeno reator nuclear, como os usados por submarinos.
O desenvolvimento de submarinos com propulsão nuclear é um dos principais objetivos do programa de modernização armamentista aprovado pela Coreia do Norte em 2021.
O ministro da Defesa sul-coreano sugeriu também a possibilidade de o regime utilizar o trítio (outro isótopo gerado após a fissão) produzido pelo ELWR para produzir bombas de hidrogênio.