Um estudo publicado na Translational Psychiatry, revista médica da Nature, sugere que indivíduos propensos a apresentar comportamento suicida podem ser identificados por meio de substâncias presentes no sangue.
Segundo a pesquisa, elaborada por médicos e cientistas da Universidade de Pittsburgh e da Universidade da Califórnia, ambas nos Estados Unidos, o resultado foi obtido a partir da observação de marcadores biológicos de produção de energia, presentes nas células do corpo humano. A análise sugere uma conexão entre depressão e disfunções metabólicas.
O teste contou com cerca de 200 participantes, dos quais metade apresentava quadros depressivos intensos e ideações suicidas, e a precisão de detecção foi de cerca de 90%.
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O estudo revela que pessoas com comportamento suicida em potencial costumam apresentar disfunções mitocondriais, com deficiências significativas em carnitina (metabólito que participa da produção de energia dentro das células), CoQ10 (que converte alimento em energia), ácido fólico (que regula a expressão genética), citrulina (que auxilia na remoção de toxinas), vitamina D (ligada à absorção de cálcio) e luteína (de propriedades anti-inflamatórias).
O médico-cientista Robert Naviaux, da Universidade da Califórnia, afirma ao portal ScienceAlert que nenhum desses metabólitos reverte a depressão de um indivíduo. “No entanto, nossos resultados mostram que talvez haja coisas que possamos fazer para orientar o metabolismo na direção certa e ajudar os pacientes a responder melhor a um tratamento […]. No contexto do suicídio, isso pode ser o suficiente para evitar que as pessoas cruzem esse limiar.”
O estudo demonstra que a depressão pode estar ligada ao chamado “estresse redutor” nas células do corpo, fenômeno que faz com que as células acelerem seu metabolismo. Quando isso não é controlado, no entanto, causa um excesso de energia celular que ativa vias de proteção do próprio corpo.
“Nossa hipótese é que as tentativas de suicídio podem, na verdade, ser parte de um impulso fisiológico maior para acabar com uma resposta ao estresse que se tornou insuportável em nível celular”, complementa Naviaux.